Opinião

São Jorge precisa de respeito. A Calheta precisa de respostas

Enquanto candidato à Câmara Municipal da Calheta, e acima de tudo como jorgense comprometido com a terra que me viu nascer, não posso deixar de expressar o meu profundo descontentamento perante o estado vergonhoso das acessibilidades aéreas de e para a ilha de São Jorge. A situação atingiu um ponto insustentável e exige ação imediata.

A recente Visita Estatutária do Governo Regional dos Açores deixou, mais uma vez, a promessa de soluções. Mas os jorgenses, e em particular a população da Calheta, já estão fartos de promessas. O que precisamos é de medidas concretas, eficazes e duradouras. A falta de ligações aéreas frequentes e fiáveis afeta todos — turistas que querem visitar a nossa ilha, estudantes que procuram formação fora, doentes que precisam de tratamento, famílias que se querem reencontrar, empresas que dependem da mobilidade para crescer.

No concelho da Calheta, este problema assume proporções ainda mais graves. Somos uma zona com enorme potencial turístico, com património natural e cultural único, mas que continua refém da incapacidade do Governo Regional em garantir acessibilidades dignas. Como podemos promover o desenvolvimento económico local, atrair investimento ou fixar jovens, se nem sequer conseguimos garantir que as pessoas consigam chegar ou sair da nossa ilha com normalidade?

Lamentavelmente, assistimos a um silêncio ensurdecedor por parte dos dirigentes locais do PSD Calheta, sendo o seu presidente o rosto dessa inacreditável ausência de posicionamento. Num momento em que era fundamental levantar a voz em defesa da população, optam por uma postura passiva, ignorando um problema que afeta diariamente a vida dos calhetenses. Esta inação revela não só uma preocupante falta de coragem política, mas também uma desconexão com as reais necessidades da população que deveriam representar e defender.

Mais do que indignação, é tempo de compromisso. E o meu é claro: tudo farei para defender os interesses da população do concelho da Calheta. Não me calarei enquanto persistirem desigualdades entre ilhas. Não aceitarei que a Calheta continue a ser tratada como uma prioridade de segunda. A autonomia só faz sentido se servir todas as ilhas por igual — e isso está longe de acontecer.

Chegou o momento de unir forças, de falar a uma só voz e de exigir o respeito que merecemos. A Calheta tem futuro. Mas esse futuro só será possível, entre outras coisas, com acessibilidades garantidas, com transporte digno, com políticas públicas que coloquem as pessoas no centro.

Por uma Calheta mais justa. Por uma ilha mais conectada. Por um futuro com voz e com ação.