Opinião

É mentira! O PSD nunca deu apoio para a formação de um governo nos Açores liderado pelo PS

Em 1996, o primeiro governo liderado por Carlos César nos Açores conseguiu a aprovação do seu programa graças ao apoio dos três deputados do CDS e à abstenção do PCP. Na verdade, sem os votos do CDS, o governo não teria sido viabilizado, ao contrário do que alguns afirmam.

É importante destacar que o PSD votou contra a tomada de posse do governo em 1996, rejeitando tanto o programa de governo como também a proposta de orçamento. Isto é um fato inegável!

Assim, o PSD Açores, que enfatiza tanto a autonomia partidária, tentou derrubar um governo do PS em 1996 e conseguiu fazê-lo em novembro de 2020, formando uma série de acordos de coligação e incidência parlamentar, retirando a maioria relativa do PS e formando o governo como sabemos.

Na noite da vitória, no passado dia 04 de fevereiro, José Manuel Bolieiro argumentou que, devido à personalização da campanha eleitoral nos líderes dos principais partidos, a "vontade do povo açoriano" deveria ser respeitada, destacando um sinal claro dessa vontade expresso nas urnas. No entanto, essa declaração contradiz a posição anterior do PSD Açores, que, há apenas três anos, optou por formar uma coligação de partidos e uma série de acordos de incidência parlamentar para impugnar a vitória inequívoca do partido liderado por Vasco Cordeiro. Isso foi feito com o objetivo de negar ao PS a possibilidade de governar com maioria relativa, como ocorreu em 1996.

É preciso admitir que o PSD Açores nunca teve a intenção de viabilizar um governo de maioria relativa do PS, e teve duas oportunidades para fazê-lo, mas optou por não o fazer.

A pergunta que surge é: por que o Partido Socialista deveria agora fazer algo que o Partido Social Democrata nunca quis fazer deliberadamente? Alguns responderão que é o perigo da proximidade do CHEGA ao poder.

Pois, mas foi precisamente, o PSD Açores e o seu líder, quem chamou este partido para um perigoso papel de influência política na Região. Quando está em desvantagem, o PSD recorre ao CHEGA para bloquear o governo do PS; quando está no poder, usa o CHEGA para minar a oposição do PS. Não haja qualquer dúvida: foi Bolieiro quem deu relevância política ao CHEGA! E, em plena campanha eleitoral, chegou a afirmar que “não tem problemas” com a extrema-direita. Portanto, não queira, agora porque lhe convém, transferir essa responsabilidade para o PS.

O PS perdeu as eleições, deverá assumir o seu papel de líder da oposição, dignificando a sua atuação de acordo com os princípios que estiveram na base da sua fundação e sempre na defesa dos ideais da Liberdade e da Democracia. O PS Açores deverá, assim, com humildade democrática, honrar a confiança que foi depositada, por mais de 41 mil Açorianos, nas suas propostas, nos seus valores e nos seus princípios.