Construir um lar de idosos no lado norte do Faial, não pode ser apenas uma bandeira de propaganda política, mas antes uma necessidade urgente há muito demonstrada pelos factos. Em julho de 2024, encerrou a residência sénior privada existente nos Cedros, deixando 14 utentes sem resposta imediata. Perante este cenário, o Governo Regional em conjunto com a Santa Casa da Misericórdia da Horta, conseguiram acolher de urgência apenas alguns destes idosos, o que se dúvidas houvesse, tornou clara a insuficiência da capacidade instalada na nossa ilha, bem como a fragilidade da rede no imediato, considerando até as dezenas de idosos que permanecem em lista de espera, sem qualquer garantia de um dia vir a conseguir uma vaga.
Esta fragilidade pesa ainda mais no lado norte, que apesar de temporariamente colmatada pela residência dos Cedros (a única do género na freguesia e com serviço a outras zonas da ilha) encerrou portas e colocou à vista de todos um problema há muito identificado. A consequência prática do fecho desta infraestrutura, é um “vazio” territorial na cobertura de longa duração no norte da ilha (Capelo, Praia do Norte, Cedros, Salão, Ribeirinha), afastado geograficamente dos serviços concentrados na cidade da Horta.
Paralelamente, o contexto demográfico torna este vazio ainda mais crítico, se atentarmos ao facto de que são as Regiões Insulares quem lidera o agravamento do envelhecimento em Portugal nas próximas décadas, e que a Região Autónoma dos Açores, embora com índice de envelhecimento abaixo da média nacional, tem vindo a envelhecer de forma contínua, pressionando por esta via a necessidade de respostas de proximidade.
A oferta atual deste tipo de infraestruturas continua muito centrada na Horta, onde se prevê (e bem!) o surgimento de um centro de alojamento temporário, o que implica deslocações longas e frequentes para famílias e utentes do Norte, onde a carência de serviços é, inquestionavelmente, uma realidade.
Por todos estes factos, é evidente que um lar no Norte reduziria não só os tempos de viagem, os custos e o isolamento, como simultaneamente reforçaria a tão apregoada coesão territorial.
É verdade que medidas como o programa “Novos Idosos”, ao abrigo do qual foram atribuídas vagas ao concelho da Horta, são um contributo relevante para manter as pessoas em casa com apoio, mas de forma alguma, substituem respostas de internamento ou estadias de média/longa duração, quando há perda de autonomia. A rede precisa de ambos os pilares, e o norte do Faial carece do segundo.
Um equipamento moderno no Norte, à semelhança do que foi feito na freguesia dos Flamengos, devidamente apetrechado com um plano de emergência, articulado com o SAD (Serviço de Apoio Domiciliário), com os centros de convívio e saúde local, representa um modelo eficiente, com visão estratégica e uma mais-valia não só para os Flamengos. O Centro Comunitário do Divino Espirito Santo dos Flamengos, foi uma obra do executivo Socialista que, para além do lar, integra também uma creche que se tem revelado uma mais-valia, reforçando o apoio às famílias e à coesão territorial. Foi por isso que propusemos esta medida, e é por este e outros objetivos que continuaremos a defender a sua necessidade.
A defesa intransigente de um lar no lado norte do Faial, não é um capricho de alguns, mas sim uma peça de justiça territorial e de dignidade que acompanha a tendência demográfica, reduz custos às famílias, reforça a resiliência da ilha e cria emprego qualificado nas freguesias. Sendo esta uma decisão política, ela é acima de tudo a defesa do estado social, e o garante de que no Faial nenhuma freguesia fica trás.
Assim queira, quem tem nas mãos a possibilidade de fazer escolhas, e de priorizar onde investir a curto prazo. Porque a política, também é feita de opções.