1. No Mundo
Um político africano disse um dia que “governante que se deita descansado acorda preocupado”. Referia-se aos habituais golpes de Estado que pululam na África. Porém, esta expressão é, infelizmente, passível de ser parafraseada para as Democracias. Em certo sentido, Bauman foi ultrapassado na sua “modernidade líquida” porquanto a incerteza do dia seguinte é tal que já estamos na “modernidade gasosa”. Esta equivale ao caos, etimologicamente, “gás”. Vem isto a propósito da profunda desregulação do Mundo. Neste ambiente, a Democracia está envolta num torpor, perigoso e facilitador dos populismos e dos movimentos radicais da extrema-direita. Nada de novo se compulsarmos a história passada da ascensão do nazismo, do fascismo e de outras ditaduras. Por isso, a energia dos democratas precisa ser maior do que as euforias extremistas que estão a “caldear” e a enganar cidadãos. Por outro lado, como se vê nos conflitos mundiais, imperam as palavras do antigo grego Tucídides: Os fortes fazem o que podem e os fracos sofrem o que devem. É necessário sair do torpor democrático para não regredirmos em termos civilizacionais.
2. Nos Açores
O torpor democrático da Região advém de um governo manietado pela sua impreparação e pela pior e mais fraca liderança de toda a Autonomia. Com efeito, Montenegro “não passa cartão” a Bolieiro. O Primeiro-Ministro cria grupos de trabalho “clandestinos” sobre questões ligadas ao Mar. A Bolieiro basta pavonear-se, politicamente, com a questão polémica do alargamento das Áreas Marítimas Protegidas. Não tendo maioria, ainda se arroga a querer impor, sem diálogo, ao PS a sua proposta. Mais uma vez cai a máscara da humildade e do diálogo. Parecendo paladino do Ambiente, nem consegue pagar o reembolso aos cidadãos que utilizaram as máquinas de reciclagem. Pior, sem justificação plausível, quer terminar com este projeto. De novo, teremos latas e garrafas de plástico por todo o lado. Fraquezas e contradições insanáveis que atrasam os Açores.
Como nada faz senão queixar-se, “o inquilino de Santana” foi ao Conselho de Ilha de São Miguel anunciar uma obra que não é do governo regional: a ampliação da aerogare de Ponta Delgada. Canibalismo político risível! Bolieiro continua na fase de La Palice ou das lapalissadas, ou seja, verbaliza a evidência política até ela se tornar ridícula. Quando diz que o financiamento da Universidade dos Açores compete à República é mais uma “lapalissada”. Isto só acontece porque não tem nenhuma influência junto de Montenegro. Caso contrário, assumia o compromisso de exigir uma nova lei de financiamento, também para a Universidade dos Açores. Com falta de juízo político, ou melhor, imprudência, Bolieiro colocou a Região na rota da falência. Hoje, ou queixa-se ou só fala de investimentos que o Governo da República devia fazer. Já não nega a aflição do “gasganete financeiro”. Quer o reequilíbrio financeiro. O torpor democrático prejudica os Açores. Urgem novas energias.
PS: Boas férias de verão. Até setembro.