Opinião

Desmontar a narrativa (II)

Como já referi no artigo de opinião anterior, o presidente do governo, nas referências estatísticas que passou, obriga-me a deter noutro tema que denota uma forma curiosa de tratar os números.

José Manuel Bolieiro disse que a Graciosa estava muito bem no que às dormidas dizia respeito, apresentando um número que, segundo ele, determinava um crescimento das dormidas acima da média regional, número logo replicado em diversos eventos pela responsável do turismo no governo.

Certamente que esse número tem a ver com o crescimento relativamente ao ano anterior e aí, como deve ter tratado já com os números de agosto, que não disponho, acredito que tenha crescido, porque, como é comum dizer-se, depois de bater no fundo só pode crescer.

Mas, abordando os últimos números conhecidos oficialmente e tendo em conta o período de janeiro a julho, a Graciosa cresceu este ano 11,1% relativamente a 2022 no número de dormidas. Pior que nós só estiveram o Faial (+4,4%), Terceira (-3,5%) e o Corvo (-9,5%), conforme se pode ver no quadro. Os Açores, no seu conjunto, cresceram 13,9%.

No entanto, e é aqui que devemos focar as nossas preocupações, quando comparamos com 2019, ano pré-pandemia, a Graciosa é a única que não superou aquele ano, tendo em conta igual período. Aliás, registou uma quebra de -19,6% nas dormidas, enquanto todas as outras ilhas tiveram crescimentos positivos desde 8,5% (Faial) a 61,6% (Corvo), ficando a média regional em 17,7%.

Mais uma vez o otimismo do presidente do governo não pode ter eco junto dos Graciosenses, porque o seu entusiasmo, infelizmente, não corresponde à realidade.