Opinião

A Besta

A besta da guerra voltou à Europa. A invasão terrestre de um país fronteiriço por um exército maior e melhor armado, após destruição aérea das suas infraestruturas estratégicas, não tem nada de novo, a não ser o "estar fora de moda". E não será surpresa uma imediata vitória russa. O que farão depois os Ucranianos, ao nível de resistência como povo e como Nação, já pia mais fino.
Se os fracassos americanos no Iraque e no Afeganistão nos lembram algo, é precisamente que subjugar um povo, de forma efetiva e duradoura, é bem mais difícil. Para já, a Rússia  poderá "ficar-se" por impor um governo fantoche em Kiev.
Mais do que ouvir Putin e as suas mentiras, o Ocidente e a Europa têm que olhar para o que Putin faz. E, sobre esse ponto de vista, não há margem para dúvidas ou tergiversações, e esse conhecimento ainda vem a tempo, quer para a Europa, quer para a Nato.
A estratégia europeia de concertação com a Rússia, e de criação de interdependências económicas, como forma de prevenir tentações e conflitos, falhou. E corre o risco de falhar não apenas com a Rússia.
Parece hoje claro que a Europa tem de prosseguir estrategicamente a sua independência, seja ao nível de uma maior autosuficiência de produção de bens estratégicos, quer mesmo ao nível da sua defesa. Porque não se pode esperar que alguns outros ajam de acordo com a nossa racionalidade.
Neste Séc. XXI, em que a Peste e a Guerra voltaram a acercar-se da velha Europa, e quando já a Pandemia nos tinha revelado fragilidades ao nível da produção de bens e equipamentos em saúde, a realidade impõe-se na sua aspereza, lembrando que a concertação e o Direito internacional têm limites e fragilidades e que, sem prejuízo de reforçar alianças e parcerias, talvez não seja prudente confiarmos apenas em "guarda-chuvas" alheios...