Opinião

Plano e Orçamento da Região 2022

A partir do dia 22 deste mês, e durante cinco dias, teremos o debate e votação do Plano e Orçamento da Região para o ano de 2022. Ainda os documentos não tinham dado entrada na ALRAA e o Deputado eleito pelo Iniciativa Liberal fez saber que, tal como estava, não votaria a favor. Como quando se zangam as comadres descobrem-se as verdades, a reboque da questão do endividamento vieram acusações, aliás, gravíssimas, de “pressões sobre funcionários públicos” e “caça às bruxas” e referências a “arrogâncias e tiques de arrogância”. No entanto, estas acusações parecem ter ficado para segundo plano com a redução para 170 milhões de euros do endividamento. A nós parece-nos pouco para quem tanto disse, mas no dia 26 saberemos como votará o IL.

A dúvida subsiste, também, quanto ao sentido de voto do PAN, porque embora Pedro Neves tenha afirmado que a sua vontade é votar contra, lá salvaguardou que a competência para uma decisão final é da comissão regional do partido.

Sobre o orçamento, o PS Açores já alertou para a “falta de credibilidade”, a existência de “receitas fictícias” e um “aumento do endividamento”. Não se trata de conversa de oposição. Quando se estima executar, no próximo ano, 335 milhões de euros de fundos comunitários, podemos acreditar? Acresce, ainda e entre tantas outras questões, o corte no financiamento do Serviço Regional de Saúde, não obstante as longas entrevistas do Secretário Regional.

Este é o momento de revermos os debates parlamentares do tempo em que os partidos que agora sustentam o Governo foram oposição.

Vacinação em S. Miguel – O mesmo Secretário Regional que foi lesto em anunciar o reforço, com a terceira dose, da vacinação contra a COVID 19 não consegue um espaço em S. Miguel para levar a bom termo o processo na modalidade “casa aberta”. A 20 de agosto, Clélio Meneses anunciava que o Conselho do Governo do dia anterior tinha “determinado começar a preparar o processo de vacinação de uma terceira dose à população mais vulnerável”, "nomeadamente, aos idosos institucionalizados e outras pessoas que tenham também algum tipo de vulnerabilidade". Assumindo que a disponibilização de instalações integram o conceito de preparação, o que esperar de um Governo que em três meses foi incapaz de assegurar um espaço adequado para vacinação? Que num ano execute 335 milhões de fundos comunitários?

Ainda os abusos sexuais na Igreja – dediquei o meu espeço anterior neste jornal a este assunto difícil, mas do qual não podemos fugir. Recentemente, mais de 200 personalidades católicas subscreveram uma carta, na qual se lê que “está hoje consolidada e consensualizada a consciência de que este tipo de atuação, observado na Igreja Católica em todas as latitudes e ambientes culturais, é sistémico e diretamente relacionado com o exercício do poder no seu interior e, noutro plano, com as manobras de encobrimento passivo ou ativo”. Repito o que disse então: contrição não basta. E acompanho os subscritores da referida carta ao exigirem uma investigação independente.

Muros – Completaram-se esta semana 32 anos sobre a queda do muro de Berlim. Um momento histórico e cheio de simbolismo. Um momento em que acreditámos que o mundo estava a mudar para melhor. Já aqui falei dos atentados aos direitos fundamentais dos cidadãos nacionais em alguns países da Europa e da crise do Estado de direito e da ameaça à democracia. Olhando para o que se passa na fronteira entre a Polónia e a Bielorússia, onde as vítimas são os migrantes, olhando para o que se passa em outras latitudes, é impossível ficar indiferente ao sofrimento imenso a que estão sujeitos homens, mulheres e crianças que fogem da fome e da guerra. E perguntamo-nos como é possível que estejamos neste momento a construir novos muros.