Opinião

1 ano depois

A 25 de outubro de 2020 escreveu-se um novo ciclo político nos Açores. O PS, o partido mais votado, perdeu a maioria das intenções de voto dos Açorianos e estes dispersaram o seu voto por oito forças partidárias. Nunca o parlamento açoriano foi tão plural, graças à proposta do PS para a criação do círculo de compensação regional e, ironicamente, por já não reconhecerem, maioritariamente, no PS a solução para os Açores.

Passado um ano há evidências que se o tempo voltasse atrás as intenções de voto dos Açorianos poderiam ser diferentes.

Desde o maior governo da Autonomia, às trapalhadas e incapacidades da governação, onde as agendas mobilizadoras foram só o leite fervido fora da panela, debatidas em sede parlamentar com leviandade pelo Governo e pelos partidos agarrados ao poder.

Pressões dos novos políticos

As redes sociais têm sido ativas no denunciar de situações de pressões, de não renovações de contratos, de clientelas para contratos públicos, de ligações entre membros do governo e empresas regionais, do afastar ou prejudicar pessoas não associadas aos partidos da coligação. Tudo isto a se comprovar, silencia aqueles que diziam que os “Açores precisavam de respirar”. Quem se sente prejudicado e/ou perseguido pelos novos políticos, deve veementemente denunciar. É um imperativo cívico, do qual nunca ficarei alheia.

As falhas não são pessoais, são fatos políticos Não há bons, nem maus. Há erros e soluções. Não são ataques pessoais. São fatos políticos. Há áreas do governo, importantíssimos para o desenvolvimento dos Açores, sem rumo e ambição estratégica. Passado um ano este Governo falhou. Falhou porque? Não apenas pelas agendas mobilizadoras ou pelo aumento de dívida pública. Falhou porque não apresenta soluções para os Açorianos e hipoteca a democracia, não pelas dívidas, mas pelo seu comportamento que é devedor à democracia. Mas um ano é pouco? não, não é. Quem se apresenta para mudar de rumo, para fazer diferente, tem que ter soluções à mão. E, se num ano os Açorianos assistiram de bancada a estes atropelos democráticos, consegue-se imaginar o que acontecerá com a consolidação do poder? Chantagear o Governo pelo aumento da dívida ou pelo tamanho do Governo é mais importante do que o atropelo democrático e de transparência gerado pelas agendas mobilizadoras?

Ciclos políticos diferentes. Políticos diferentes

Os ciclos políticos estão diferentes na sua duração e composição. O PS tem a obrigação de se afirmar para o futuro. A atual liderança do PS deveria repensar a sua estratégia política - não o fez antes das autárquicas e o resultado é conhecido - e de alguns protagonistas, isto porque sobre Vasco Cordeiro amanhã pesará aqueles que ontem lhe estenderam o tapete e que hoje ainda se sentam à sua mesa. Quem perde para além de Vasco Cordeiro? os Açores que precisam urgentemente de políticas socialistas progressistas, implementadas com inovação, rigor e transparência, que os empresários e famílias tanto necessitam nesta crise económica e financeira (abafada por empréstimos e subsídios) que vivemos resultado da pandemia a que estamos sujeitos. Perante esta realidade, temos um orçamento em setembro com uma execução de cerca de 25%, a perda nos próximos meses de entrar na economia pelo menos parte dos 117 M€ e o desconhecimento de como 580M€ (PRR) será implementado.