Opinião

Estabilidade. Quem a garante? Vontade do Povo Açoriano. Quem a respeita?

Esta semana o Representante da República iniciará o processo de auscultação dos partidos com assento parlamentar resultante do ato eleitoral de 25 de outubro.

A crise política que vivemos encontra-se com a atual crise sanitária que está a gerar uma crise económica e financeira. A gestão da crise política será a base para melhor responder aos empresários e trabalhadores, desde logo com a definição do próximo quadro comunitário e da aplicação da PAC (Política Agrícola Comum).

Desde logo por estes motivos não nos podemos entreter com teatros políticos. Mas ontem os Açorianos viram um teatro com aspirantes a governo sem uma maioria garantida num acordo político de 26 deputados. A encenação necessitaria de mais 3 deputados, ou seja, mais 2 a 3 forças políticas, incluindo um partido de extrema direita. Temos uma paelha política. Porém, nada foi dito sobre os eventuais acordos de incidência parlamentar. Para quem se propõe a alterar a vontade maioritária expressa pelo povo, é muito pouco.

O PS, partido com mais votos confiados pelo Povo, elegeu 25 deputados e deve apresentar-se como o partido a formar governo com acordos parlamentares. É natural que o BE e o PAN estejam mais próximos das políticas socialistas progressistas do que da direita e da extrema direita.

Qual das soluções parece mais estável e que menor risco apresenta de eleições antecipadas para o verão 2021?

 

“Regionalização” da decisão do PS em 2015?

Há uma tentativa de regionalização da decisão do PS na República em 2015. Para aqueles que em tempos a defenderam, hoje veem injustiça; para aqueles que foram contra, hoje veem justiça. Por parte do responsável máximo do PS, Vasco Cordeiro, este foi claro na noite das eleições em 2015 e até repetiu a posição numa das suas intervenções no parlamento, possivelmente foi o início da má disposição de António Costa e que este remediou na noite eleitoral de 2020 ao reconhecer que cabe aos Açores a decisão política, afirmando que governa quem ganha.

Hoje tudo parece alinhado para que o PS/Açores em 2020 possa ser vítima da estratégia do PS nacional em 2015, faltando o enorme “pormenor” da Autonomia. Se para alguns é um acessório, para mim não é. É o essencial. Nos Açores mandam os Açorianos. Podermos nós definir o nosso rumo, sem amarras da República. E em todo este processo, contrariamente aos protagonistas da paelha política e outros, Vasco Cordeiro é de uma coerência inabalável.

 

“Regionalize-se” o caso da Assembleia Municipal de Ponta Delgada em 2017!

Nas autárquicas 2017 o PS/Açores, liderado por Vasco Cordeiro, ganhou a maioria na Assembleia Municipal, mas nunca inviabilizou um presidente social-democrata na Assembleia Municipal ou a governação do PSD na Câmara e nunca provocou eleições antecipadas.

É preciso que os partidos nos Açores tenham a liberdade de interpretar a vontade do Povo Açoriano e não a vontade das hostes partidárias com sede do poder.