Opinião

Vamos ter leite BIO...!

Sabia que... este fim de semana, realizaram-se mais umas Jornadas Agrícolas da Praia da Vitória, desta feita, celebrando dez anos de dedicação e apoio à Agricultura. Celebrando, igualmente, felizes parcerias entre todos aqueles que executam e projetam o nosso mundo Rural! entre os quais a Câmara Municipal da Praia da Vitória, o Governo dos Açores, Associações e Cooperativas, Juntas de Freguesia, produtores e interessados de todo o setor ou fileiras. Sentada na plateia, mais uma vez, senti que a riqueza das nossas gentes, e da nossa agricultura, tem um valor incontornável. Vale a pena investir, mais do que nunca, em plataformas de entendimento e de diálogo, em novas estratégias e mecanismos de ação e em inovar,e arriscar, sem nunca descurar as nossas tradições e o que melhor nos define enquanto Açorianos. Por lá passou a "prata da casa" que comprovou a riqueza e potencial dos nossos empresários, passou gente do Continente com experiencia e know-how que contribuíram, em muito, para o esclarecimento de dúvidas, para a introdução de novas técnicas e conceitos, bem como de novos paradigmas, que dão sinal dos ventos do futuro e dos caminhos a trilhar. Desde o leite à carne, frutas e legumes, tudo se disse e partilhou! Com respeito e espírito crítico, refletiu-se e alertou-sequem de direito, para os desafios do dia a dia! Mas o meu objetivo, relativamente tendencioso, é para vos falar daquela que, para mim, foi a grande surpresa do fim de semana: Foi quando o meu caro amigo e colega Jorge Rita, anuncia que em São Miguel haverá Leite Bio! Este é um assunto que tem vindo a ganhar expressão e relevância no nosso meio, e mostra-se cada vez mais como uma solução a adotar, os mercados assim o comprovam, as estatísticas atestam e os especialistas advogam. Todavia, importa rever o passado deste sector, avaliar o presente, e tudo o que lhe concerne, e pensar muito bem sobre o futuro deste novo produto! Se falarmos no passado julgo que o parecer é positivo e viveram-se momentos de franca evolução e expansão, onde os produtores viam o seu trabalho valorizado sob um preço justo do seu leite. Depois, veio a crise dos mercados mundiais, os embargos e todos aqueles fatores externos, mais que explanados e debatidos, alheios à qualidade do nosso leite, que nos fizeram chegar aos dias de hoje e ao completo descontentamento dos produtores. E por força da necessidade, chegamos ao produto Bio... A indústria, muito oportunamente, sente a necessidade de encontrar novos nichos de mercado - até porque a mesma também se tem vindo a ressentir economicamente face a este contexto - e como tal, consciente de este ser o único produto em crescimento, em que o consumo é superior à produção, reina a lei da oferta e da procura! E é aqui que vem a humilde pertinência deste artigo!É aqui que alerto para a oportunidade de se negociar, e bem, com a indústria. Sentados à mesa todos devemassumiro valor e o poder que este novo produto tem. É um facto que sem os produtores não há leite Bio! Se os produtores não quiserem investir nesta mudança, se os produtores não quiserem arriscar e inovar, a indústria nos Açores, também não conseguirá resolver o seu problema ou necessidade. Portanto, a bola está, quanto a mim, no lado dos produtores. Que não se cometa o erro de negociar simplesmente porque o valor é superior ao atual, que não se assuma uma atitude passiva que leve a novos monopólios, que se exija acompanhamento técnico ao longo de todo o processo, porque este é rigoroso e desafiante, e que se expresse firmeza e vontade de no, futuro, serem uma voz ativa nos desígnios deste novo produto. Enfim, não sou especialista nem filha de lavrador, mas sou, como muitos de nós, alguém que procura resolver o passado, encarar o futuro com ganas de melhorar, crescer com os erros e de encontrar no seu dia a dia a melhor solução, certa que as mesmas afetarão, naturalmente, o meu futuro, a minha, a nossa vida! E para isso, basta ser humano e não especialista com elaborada retórica, contida postura ou exuberância intelectual... Alguém que acredita na força da união, e na defesa de uma mensagem debruçada no duro trabalho, de todos aqueles que fornecem o nosso alimento, que lutam e labutam pela defesa e riqueza do nosso património rural, que tanto deslumbra a gentes que nos visitam! A todos eles, Homens e Mulheres... BEM HAJAM...!