Opinião

O Partido de La Palisse

Para quem não sabe, Jaques la Palisse foi um nobre e militar francês, que morreu na batalha de Pavia em 1525. A História encarregou-se de definir "uma verdade de La Palisse" quando um facto, por tão evidente ou óbvio, salta aos olhos de qualquer um. Nos últimos tempos, temos assistido com mais intensidade aquilo que já era uma evidência, mas que agora se revela de forma mais clara: a enorme fragilidade de propositura e de consistência política do PSD/Açores. É o partido de La Palisse. Só diz o óbvio, não se compromete com nada, só afirma banalidades e tudo o que seria estruturante e estratégico para o futuro é remetido para 2012 ou 2013. Esta postura de um partido que se diz alternativa ao actual Governo Regional é inacreditável. Quando perguntam quais as propostas para combater o desemprego, responde que é preciso mais emprego, quando lhe perguntam por medidas para isso, diz que só as apresenta em 2012 no programa eleitoral, o que não deixa de ser um profundo desrespeito para quem esta desempregado. Quando lhe perguntam como pretende ajudar as empresas, responde que as empresas precisam de mais trabalho. Quando lhe perguntam como conseguira diminuir os preços das passagens, responde que é com diálogo. Quando lhe pergunta como resolve o problema da RTP/Açores e como influência o seu partido a nível nacional, diz que tem uma solução, mas que é só para 2013. Enfim, nem La Palisse, o pai da ciência do óbvio, diria ou faria melhor. Uma conferência de imprensa e uma visita não são iguais a uma proposta. É preciso mais. Exige-se mais do maior partido da oposição. Em boa verdade, o que temos assistido é um deserto de propostas consistentes ou propostas que são apresentadas como sendo a cura para todos os males e, contas feitas, revelam-se nefastas. Basta lembrar a proposta do PSD/Açores, no âmbito do Plano e Orçamento para 2011. O PSD/Açores queria reduzir o IRS em 30% até ao quarto escalão. Contas feitas, quem ganhasse 42 mil euros por ano, teria uma redução de IRS quatro vezes superior a quem ganhasse até 7.400 euros. La Pallise não teria uma solução melhor!