Opinião

Os Passos de Berta

A apresentação do Plano de Sustentabilidade Económica e Financeira da RTP no passado dia 24 de Outubro motivou no PSD/Açores três reacções dignas de registo e às quais nenhum açoriano, de Santa Maria ao Corvo, pode ou deve ficar indiferente… Enquanto de Mota Amaral, o jornal “Correio dos Açores”, citava afirmações como “Governo de Passos Coelho não respeita entidades eleitas pelo Povo dos Açores” dizendo que, sobre o canal regional de TV, o mesmo deputado eleito pelo PSD/A para a Assembleia da República “mostra total desacordo com a solução”, Berta Cabral aparecia contente e feliz no telejornal da noite. Disse a Presidente do PSD/Açores sobre o montante destinado à RTP/Açores: “Penso que com este valor, com uma boa gestão consegue-se manter os postos de trabalho e consegue-se manter aquilo que para nós é primordial que é a manutenção da RTP/A como um pilar da nossa Autonomia e um pilar da nossa unidade regional (…)” E, como se não bastasse, ainda concluiu: “(…) Poder-se-á sempre dizer que é sempre possível ter mais e ter melhor, mas eu acho que numa conjuntura difícil como esta ter um orçamento alocado à RTP/Açores já é um passo importante.”… Escreveu Américo Natalino Viveiros, no jornal “Correio dos Açores” sobre o “episódio RTP/Açores”: "Miguel Relvas ainda não percebeu que é Ministro do governo português e deve respeito à Constituição e por isso à Região. Não pode continuar a ouvir-se a si próprio sem cuidar de ouvir os outros. Não é o dono da verdade. Não sabe tudo, nem tem remédio para tudo. Falta-lhe a humildade que se exige aos governantes, mas o tempo para perceber isso começa a esgotar-se. Firmeza e determinação não são sinónimas de autoritarismo (…)” Tinha dito o Senhor Ministro Miguel Relvas que “As audições das Regiões Autónomas são um mau hábito que tem de acabar” na audição que concedeu à delegação de deputados açorianos que se deslocou a Lisboa para discutir esse assunto. A Presidente do PSD/Açores, ausente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, em campanha eleitoral pela ilha Terceira, não teve mais uma vez ninguém que lhe explicasse o que o Senhor Ministro tinha dito. Só isso pode justificar que, outra vez, reincidindo no juízo, tenha aplaudido logo e com toda a pujança a solução encontrada. A ver isto tudo não fico satisfeita. Acho lamentável que a Dra. Berta Cabral não seja capaz deste desprendimento, que não tenha aprendido a ser assim quer com Mota Amaral, quer com Natalino Viveiros (todos ex-governantes dos Açores e da mesma geração). Tudo isto não é só lamentável para o PSD. É sobretudo lamentável para os Açores e para todos os açorianos. Estes são (só) mais uns Passos de Berta…Só.