O deputado Mário Tomé, eleito pelo Partido Socialista dos Açores, defendeu hoje, na Assembleia Legislativa da Região, que o Governo Regional continua a negligenciar a ilha do Pico, comprometendo o seu desenvolvimento económico e social, apesar de ser um dos territórios com maior potencial de crescimento.
Na sua intervenção em plenário, o deputado sublinhou que a taxa de execução orçamental relativa ao Pico em 2024 foi de apenas 19%, o que considera “não apenas dececionante, mas revelador da incapacidade do Governo em concretizar os investimentos que anuncia, ficando-se pela propaganda e adiando o progresso da ilha”.
Para Mário Tomé, o Pico tem sido sistematicamente tratado como “uma periferia esquecida”, com obras anunciadas sucessivamente adiadas nas áreas da mobilidade, agricultura, pescas, ambiente, saúde e habitação. “Os picarotos não pedem favores nem esmolas; pedem respeito, ação e investimento que permita fazer crescer a economia do Pico e, por consequência, a economia dos Açores”, afirmou.
Um dos exemplos mais críticos apontados pelo deputado é a ampliação da pista do Aeroporto do Pico, que considera “uma necessidade estratégica para a mobilidade e o desenvolvimento económico”. Recordando as declarações do presidente do Governo, que classificou o projeto existente como “um investimento estúpido”, Mário Tomé respondeu que “estúpido não é investir no Pico; é continuar a travar o desenvolvimento da ilha por falta de coragem política”.
O deputado alertou ainda para promessas por cumprir em áreas estruturantes, como a impermeabilização da Lagoa do Paúl das Lajes, o Porto das Ribeiras, a reabilitação de caminhos rurais e florestais, o combate às térmitas, o Museu da Construção Naval, a construção do novo Centro de Saúde das Lajes do Pico e a resolução de problemas no setor das pescas, incluindo gruas e máquinas de gelo inoperacionais.
Mário Tomé reforçou que “o Pico não pede privilégios, pede justiça” e exigiu que o Governo coloque fim aos adiamentos e execute os investimentos já prometidos.
“A ampliação da pista do aeroporto é um passo decisivo, mas o desenvolvimento da ilha exige muito mais do que cimento e asfalto — exige compromisso político, visão estratégica e respeito pelos picarotos”, concluiu.
Horta, 26 de novembro de 2025