Eurodeputado açoriano André Franqueira Rodrigues promove esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, o debate “Rediscovering Europe’s Forgotten Grapes”, dedicado às chamadas “castas proibidas” — variedades tradicionais e híbridas que, apesar do seu profundo valor histórico e cultural, continuam impedidas de ser usadas para produção de vinho na União Europeia.
A iniciativa, organizada em conjunto com eurodeputados espanhóis e franceses e com o apoio do Intergrupo do Vinho do Parlamento Europeu, reúne especialistas, produtores e investigadores de vários países para discutir o papel destas castas na história do vinho europeu e o seu potencial para o futuro da viticultura sustentável. O debate é seguido de uma prova de vinhos.
Entre os convidados está o enólogo e produtor António Maçanita, que apresentará o caso das castas autóctones dos Açores e a necessidade de rever as restrições que ameaçam vinhas únicas no mundo, profundamente enraizadas na tradição açoriana.
“Estas castas não são um problema — são parte da nossa história e da nossa cultura há mais de 150 anos”, afirmou o eurodeputado do Partido Socialista. “A sua proibição está a apagar um património único e a empobrecer a diversidade europeia. Devemos sensibilizar a Comissão e o Conselho para estas realidades locais e trabalhar por uma mudança que proteja o nosso património e reforce a competitividade dos produtores europeus.”
O primeiro painel — “The legacy of the forgotten varieties: from history to revival” — contará com a participação de especialistas internacionais como Jérôme Villaret, Etienne Montaigne (OIV/SupAgro Montpellier), Antonio Panizzolo (Itália), David Flayol (França) e Christel Guiraud (França).
O segundo painel abordará as perspetivas agronómicas, ambientais e climáticas das variedades resistentes, com investigadores e produtores de referência, incluindo Philippe Darriet (Universidade de Bordéus) e Lilian Bauchet (associação Vitis Batardus Liberata).
O encerramento ficará a cargo das eurodeputadas Cristina Guarda e André Franqueira Rodrigues, que sublinharão a importância de uma nova abordagem europeia para proteger e valorizar o património vitivinícola tradicional, reconhecendo o contributo das castas históricas para a sustentabilidade e a diversidade da viticultura europeia.