Na moderação estará a virtude… e a solução!?
Começo com um disclaimer:
não fui apoiante de Seguro enquanto andou pelas lides partidárias — e, para ser honesto, acho até que teve um papel algo apagado enquanto membro do Governo de Guterres. Na juventude, não tenho memória dele, mas dizem-me que era mais ou menos o que é hoje… só que com menos trinta e tal anos.
Contudo, de uma coisa não o podemos acusar: de falta de moderação… e de ponderação. Para quem, como eu, gosta de algum confronto, o Tozé (para os amigos e mais próximos) era até moderado em excesso.
Quem não se lembra da célebre “abstenção violenta, mas construtiva” na votação do Orçamento do Estado, nos tempos sombrios do PSD de Passos Coelho?
Quem não se lembra dos constantes jogos de cintura para viabilizar acordos com a hoje tão famosa direita sonsa?
Quem não se lembra das permanentes tentativas de fazer pontes com outros setores moderados da sociedade, mesmo que mais à direita?
Pois bem.
O Tozé é hoje, talvez, o nome que melhor representa aquilo que mais falta faz à mais alta figura do Estado português: moderação, capacidade de ouvir, de construir pontes e a humildade de não andar por aí com o telemóvel em modo selfie permanente.
Avesso ao mediatismo bacoco, com o seu perfil sóbrio, Seguro traz à figura presidencial as características do “cidadão que anda por aí a fazer a sua vida”.
Numa sociedade cada vez mais polarizada, onde é urgente alguém que consiga ler o mundo para lá dos corredores do Alfeite ou dos estúdios de televisão da capital, Seguro começa a encarnar essa opção discreta, mas sólida.
Pode não ser a figura que mais entusiasma “o povo” — mas, convenhamos, é cada vez mais evidente que é a que pode, com firmeza e sem folclore, combater o revanchismo militar e o consórcio do croquete, que empurrou para a ribalta o vazio de conteúdo chamado Melo.
Por isso — e por muito mais — sejamos claros (e pragmáticos):
A esquerda moderada e livre; o centro que não se vende aos interesses da direita sonsa; os verdadeiros liberais, de esquerda e de direita, que combatem o conservadorismo bacoco e perigoso que anda a tomar conta do centro-direita por via das cedências permanentes à agenda fascista, ultra-conservadora, do partido do “C” e dos seus amigos nacionalistas, xenófobos e racistas; e todos os que acreditam que o futuro se faz com mais Europa, mais justiça social e mais humanismo, têm em Tozé Seguro uma escolha possível. E segura.
Porém, não devemos ter dúvidas:
nestas alturas, temos de reconhecer que a direita ensina algumas coisas — poucas, é verdade, mas ensina.
E uma delas é o pragmatismo.
As direitas, nos momentos da verdade, unem-se e viabilizam o que representa o denominador comum.
É, pois, com essa mesma visão pragmática que o centro e a esquerda devem deixar de lado questiúnculas ridículas — algumas delas com décadas — e juntar esforços em torno da candidatura que viabiliza o objetivo de termos, em Belém, alguém que represente, sem vedetismo, o pulsar dos cidadãos.
Pode o Tozé ser o “catch all” dos moderados?
Pode, sim.
O Seguro pode ser o candidato que agregue à sua volta, numa espécie de catch all dos moderados, de centro, de esquerda ou mesmo da direita (que não se revê no revanchismo do Melo, vindo do Alfeite, ou do Mendes e todos os interesses privados que traz consigo).
O que falta para ser esse “apanha-votos”?
Assumir, definitivamente, que é a peça que une todos os “cidadãos comuns”, que não berram, que não se metem em bicos de pé para aparecer e que não são empedernidos.
Falta assumir, de forma mais afirmativa e enfática, que é um dos nossos.
Em conclusão
Pese embora muitos tentem desvalorizar o papel do Presidente da República, viu-se, nos últimos dez anos de marcelices, que termos alguém que seja um cata-vento em Belém é meio caminho andado para termos mais golpes requentados servidos em parágrafos.
Talvez seja este o pastel que vá engolir em janeiro.
E, quem sabe, talvez até venha quente, recheado e pulverizado com açúcar confeiteiro.