Opinião

Tempos encanitados

 

1. Orçamentos de 2026
Estamos na semana da aprovação dos orçamentos de Estado (OE) e da Região (OR). As recentes queixas de Bolieiro, sobre o OE 2026, revelam o vazio do dito  “grupo de trabalho” Açores/Madeira/Montenegro (30/10/2025). Depois do dislate do tal “encontro histórico”, não inédito, Bolieiro nem teve um pio encanitado, de crítica, à proposta já conhecida do OE 2026! No dia 15 de novembro, lá se veio queixar das medidas “tímidas do OE para os Açores”! Afinal, é ele o responsável pela “depressão política, financeira e social” em que colocou a Região, desde 2020.
O OR 2026 teve a desaprovação da maioria dos Conselhos de Ilha. Não obstante, o Presidente do PS/Açores, Francisco César, anunciou a viabilização do OR 2026, priorizando o  interesse regional e a necessidade de execução do PRR. Em 2027 poderá ser diferente se o Governo paralisar com os principais problemas da Região. À cabeça está o custo de vida, pobreza, baixos ordenados e desigualdades crescentes na maioria dos açorianos. Queixas de IPSS, pescadores, escolas, atrasos de pagamentos a funcionários públicos, entidades culturais, desportivas,  projetos adiados e sufoco das finanças regionais, são questões sem respostas. Não há “novos ou velhos especialistas em propaganda encanitada” que possam recontar a história desta realidade, para desmentir o mau estado da Região, atestado por entidades independentes como o CES, INE, Conselho Superior de Finanças Públicas…
As deslealdades políticas são reprováveis, quer nos partidos como nos governos. Tito de Morais dizia que ninguém serve ideias que não ama senão para atraiçoá-las. Por vezes, são as fracas lideranças que as permitem. Bolieiro admitiu um ataque interno inusitado, quiçá a uma das poucas mais valias do seu governo.

2. Debates presidenciais
Dos mais vistos foi o de António José Seguro vs. Ventura.  Mostrou Seguro  como candidato presidencial, decente e digno contra a charlatanice política usual, focada na imigração e outros ódios sem sentido democrático e presidencial. Ainda ontem, na Assembleia da República, boçalmente, Ventura “berrou” e retirou os cravos de deputados da tribuna. O fascismo tem várias facetas!

3. A Europa precisa de lideranças
A posição mercantil de Trump com Putin ameaça a Europa. Medida corajosa e eficaz seria utilizar os ativos financeiros russos, congelados na Bélgica. As ditas 28 medidas de Trump, para a paz (podre) na Ucrânia, que não foi tida nem achada, nem a Europa, seriam uma capitulação perigosa, ilegítima e inaceitável. A História parece repetir-se à medida do  Acordo de Munique (29/9/1938)  e do Pacto Molotov-Ribbentrop (23/8/1939), ambos desrespeitados por Hitler. Hoje, voltam os sinais perigosos de cedências inqualificáveis de Trump a Putin, com a agravante de perigarem a paz na Europa. Os sinais encanitados entre a Polónia e a Rússia e as provocações constantes de Putin a vários países europeus são muito preocupantes. Exigem respostas duras. A inação também mata. Faltam os grandes líderes e estadistas como Churchill ou tantos outros…