A política só faz sentido quando está ligada à vida real das pessoas. Quando se afasta dessa realidade, deixa de servir o seu propósito. E há temas que exigem mais do que palavras, exigem respostas urgentes. Um desses temas é o das dependências e da exclusão social nos Açores. Em especial em Ponta Delgada, onde a situação já passou todos os limites.
A recente carta do Presidente da Assembleia Legislativa dos Açores ao Presidente da Assembleia da República é um sinal claro de preocupação institucional, mas também um apelo. Não se trata de uma disputa de competências, nem de manobras. Por isso, não basta dizer que o problema não é da nossa jurisdição direta. Quando há açorianos a sofrer, a responsabilidade é de todos os seus representantes. E eu assumo essa responsabilidade, como Presidente do PS/A, Deputado na República e cidadão.
Nos Açores, o consumo de substâncias psicoativas atinge níveis alarmantes. Isso afeta a saúde pública, a coesão social e até a perceção de segurança dos cidadãos. Temos de olhar para esta realidade com seriedade e, acima de tudo, com empatia.
Estas pessoas não são apenas estatísticas. São seres humanos. Muitos vivem nas ruas, em quartos sem condições ou em barracas. Estão a perder a dignidade. E isso diz mais sobre quem assiste sem agir do que sobre cada um deles.
É urgente mudar de abordagem. Precisamos de legislar com mais agilidade, adaptar a lei às novas substâncias. As forças de segurança precisam de reforços. Foram anunciados mais agentes para os Açores, mas menos de metade chegou. Sem capacidade operacional, não há resposta eficaz.
E há outros aspetos que não podem ser ignorados: a insuficiência dos apoios públicos às instituições no terreno. Precisamos de mais financiamento, equipas de rua, consultórios móveis, respostas residenciais, casas de transição, comunidades terapêuticas e programas de reinserção social. Estas pessoas precisam de apoio e de oportunidades.
Não podemos continuar a olhar para o lado. Porque por trás de cada rosto que vemos na rua está uma história, uma família, uma vida.
Estou disponível para trabalhar com todos. Este é um problema que não se resolve com desculpas. É tempo de agir. Os açorianos esperam mais de quem os representa. E, da minha parte, podem contar com isso. Estou aqui para ajudar, com seriedade, com respeito e, acima de tudo, com empatia.