É conhecido que o transporte marítimo de mercadorias operado pela cabotagem insular tem recebido inúmeras críticas por parte dos açorianos, sobretudo por aqueles que dependem deste serviço, como é caso do tecido empresarial, que é, no fundo, o mais prejudicado.
Incumprimentos nas escalas anunciadas, falhas na logística, atrasos injustificados, bens que ficam em terra e problemas de coordenação para garantir ligações.
Repito esta reflexão e hei de repeti-la até à exaustão. Temos um problema e cabe ao Governo resolvê-lo, até porque os transportes marítimos são o garante da coesão regional.
Todas as ilhas têm apresentado queixas recorrentemente e, por isso, faço mais um apelo ao Governo para que utilize todos os meios ao seu dispor para ultrapassar as inúmeras dificuldades que se têm avolumado semana após semana.
Aumentaram as escalas à Graciosa e Santa Maria - e ainda sem contar com as Flores que tem um transporte dedicado pelos problemas conhecidos - mas os serviços têm-se degradado como não há memória.
A ideia com que se fica é que as empresas não estavam preparadas para o aumento de escalas ou então houve precipitação do Governo em avançar sem as devidas condições.
É preciso saber como vai o Governo complementar a cabotagem insular com o tráfego local, conforme consta no seu programa, se estas empresas, com os equipamentos que dispõem neste momento, não reúnem condições para o fazer. Isto é começar a casa pelo telhado.
No início da semana, na Assembleia Legislativa, falou-se sobre o estado da região e do Governo, e de quem o apoia, só ouvimos loas à governação.
Não pode estar tudo bem se temos ilhas com prateleiras vazias nos supermercados. Não pode estar tudo bem quando os agricultores têm de esperar dois meses para colocar o seu gado no mercado. Não pode estar tudo bem quando os açorianos são confrontados com aumentos das taxas portuárias no mesmo momento em que a qualidade do serviço baixa e com carga a ficar atrás por desacerto nas ligações.
Ignorar o acesso igualitário a serviços e oportunidades é enterrar a coesão regional.