Vivemos tempos marcados por uma grande incerteza quanto às respostas que esperamos de quem governa a Região. Todavia, talvez o mais preocupante seja isto: estamos a assistir à normalização de uma forma de governar que falha sistematicamente as suas obrigações e tenta fazer crer que é aceitável.
Como açorianos, temos aprendido a viver com resiliência, mas há uma linha que não devia ser ultrapassada: a quebra da confiança entre os cidadãos e as instituições públicas.
Não é aceitável que o Governo continue, de forma sistemática, a falhar nas suas obrigações. Qualquer açoriano sabe o que acontece se atrasar, por exemplo, o pagamento do IMI ou do IUC: há penalizações, juros, e um Estado que não perdoa.
No entanto, quando é o próprio Governo a não pagar às empresas, às instituições sociais, culturais e desportivas, ou a comprometer a qualidade dos serviços públicos parece não haver consequência alguma.
Isto não é apenas uma questão de justiça. É, acima de tudo, uma questão de princípio.
O rigor que se exige ao cidadão comum deve ser, no mínimo, o mesmo que se exige ao Governo. Todavia, o que temos vindo a assistir é exatamente o contrário: uma tentativa sorrateira de tornar normal o que não é.
Todos sabemos de empresas que esperam há meses por pagamentos que já deviam estar regularizados. Todos conhecemos a perda de recursos e meios que tem vindo a acontecer nas escolas, na saúde e nos mais diversos serviços públicos. Isto porque a prioridade deixou de ser resolver problemas, para passar a ser fazer propaganda.
Este comportamento cria uma cultura de impunidade que mina a confiança entre todos. Como podemos pedir esforço e sacrifício às pessoas se o próprio Governo não dá o exemplo? Como podemos falar de responsabilidade coletiva se quem lidera não pratica a responsabilidade individual?
O PS tem procurado contrariar este rumo, apresentando propostas construtivas para melhorar a governação e dar resposta aos problemas reais das pessoas. No entanto, a maioria dessas propostas tem sido rejeitada. A governação exige mais do que slogans.
Exige responsabilidade e compromisso. Governar não é estar nas redes sociais a fazer anúncios bonitos.
Governar é estar presente, resolver problemas, pagar o que se deve e cumprir o que se promete. Quem governa não está lá para impressionar. Está lá para servir.