A dívida pública dos Açores aumentou, no primeiro trimestre de 2025, 109,2 milhões de euros, estando, agora, fixada em mais de 3.400 milhões.
Este alarmante número, revelado pelo Banco de Portugal, não pode ser considerado, meramente, uma impiedosa estatística, é, de forma absolutamente evidente, a imagem de uma governação imprudente e insustentável.
E se o tempo é dinheiro, como diz o nosso sábio Povo, então o relógio da dívida da Região, que está na entrada do Ministério das Finanças no Terreiro do Paço, em Lisboa, continua uma trajetória, perigosamente, ameaçadora, ou seja, a cada dia que passa a dívida engorda, aproximadamente, 1.211 milhões.
Ora, o Governo Regional tem o dever ético de parar, ponderar e agir com rigor e seriedade, pois os sinais de alarme são evidentes, estamos a transferir muitos encargos para o futuro, e, muito importante, a dívida de hoje são os impostos de amanhã.
A retórica da gestão eficiente, que já leva 5 anos, está antiquada. Esta escalada da dívida não resulta de esforços estratégicos de investimento, nem sequer de uma visão corajosa para o futuro dos Açores, é, pura e simplesmente, o reflexo de uma governação sem um projeto, sem um plano concreto e exequível para encarar os problemas estruturais dos Açores.
O que se está a verificar, de forma arriscada, é o acelerado endividamento da Região, no sentido de manter uma aparente normalidade, enquanto as famílias e as empresas definham e as desigualdades crescem assustadoramente.
O tal relógio do Terreiro do Paço transformou-se numa bomba-relógio financeira e o estouro será pago com o sacrifício das gerações vindouras, dos mais jovens dos açorianos. E é da nossa total responsabilidade, de todos, não deixar hipotecar o futuro dos nossos filhos, netos, sobrinhos.
Mas, o mais angustiante é o silêncio do Governo Regional e a total ausência de medidas concretas para travar esta pesarosa tendência. Ou será que José Manuel Bolieiro já governa qual comboio descarrilado?! Sem liderança, o caos é o que se segue.
Com este cenário, não estamos apenas perante a ausência da estabilidade financeira dos Açores, estamos, igualmente, a colocar em causa a nossa Autonomia (não nos podemos esquecer que o relógio está é no Terreiro do Paço, em Lisboa…). Uma Autonomia que foi alcançada com o esforço de tantos… Uma região sufocada do ponto de vista financeiro, depende de ajudas externas, fica frágil, com uma débil posição negocial, incapaz de se impor e ter uma voz própria.
Estamos perante uma situação extraordinária. É urgente exigirmos à atual governação regional, mais responsabilidade, planeamento e uma visão de futuro. São cruciais medidas para inverter a atual trajetória - descontrolada - da dívida pública dos Açores, porquanto a nossa juventude não pode arcar com as consequências de políticas desastrosas e irresponsáveis dos governantes de hoje.
A Autonomia para ser plena e perene, deve ser sustentada por uma governação comprometida com os açorianos, com o nosso bem comum.
O tal relógio, o do Terreiro do Paço, em Lisboa, continua a girar descontroladamente e o tempo a esgotar-se.