Opinião

O Desporto não é prioridade com este governo

O desporto devia ser um dos pilares da nossa autonomia. É no desporto que se educa, que se forma, que se integra. É no desporto que muitos jovens encontram um propósito e onde os Açores se projetam para lá do nosso mar. Mas, com este Governo Regional, o desporto tem sido deixado para segundo plano. Não é tratado como prioridade, não está no centro das decisões e os sinais estão à vista de todos: clubes a fechar secções, promessas que não se cumprem, infraestruturas esquecidas e um sentimento crescente de injustiça entre todos os que, dia após dia, se dedicam ao desenvolvimento desportivo da nossa Região.

Um exemplo claro disto é o do Marítimo Sport Clube de São Pedro, que viu a sua equipa sénior de hóquei em patins - a única dos Açores a competir na 2.ª divisão nacional - ter de fechar portas. A equipa resistiu uma época inteira sem apoio financeiro, confiando numa promessa do Governo Regional. Essa promessa ficou por cumprir. A palavra dada não foi honrada. E um clube com décadas de história ficou abandonado, sem respostas nem ajuda.

Mas infelizmente, este não é caso único. Veja-se o que se passa com o Complexo Desportivo do Lajedo. Um espaço público envolto em total silêncio. Ninguém sabe ao certo quem pode usar, quais os critérios, nem que protocolo existe. E isso é grave. Numa Região que se quer justa e transparente, não pode haver segredos sobre o que devia estar ao serviço de todos. O desporto tem de ser gerido com regras claras, com equidade e com respeito por todos os clubes e atletas.

E depois temos o caso do Centro de Estágios de Ponta Delgada, encerrado desde 2020. O Governo prometeu que reabriria em setembro de 2024, que estaria disponível para associações e clubes desportivos. Mas já estamos em junho e não há obras, nem calendário, nem sequer informações. Nada. E mais uma vez, quem paga são os atletas, os dirigentes e as equipas que continuam a precisar de espaços com condições para treinar e competir.

Perante tudo isto, temos mesmo de parar para pensar: que futuro queremos para o desporto açoriano? Que caminho estamos a seguir? O que dizemos a quem, muitas vezes de forma voluntária, dá o seu tempo, a sua energia e o seu coração a uma associação ou a um clube?

Hoje são cada vez menos os dirigentes com vontade de continuar. A burocracia, os atrasos nos apoios, a falta de reconhecimento e o sentimento de abandono tornam tudo mais difícil. Precisamos de fazer mais. Precisamos de os ouvir, de os apoiar, de os valorizar.

O desporto é isto: é compromisso com as pessoas, é formação, é oportunidade. E não pode continuar a ser tratado como um extra, como algo que se resolve com promessas vagas ou com palmadinhas nas costas. O desporto precisa de verdade, de justiça e de visão.

Infelizmente, este Governo não tem dado sinais de nada disso. Não tem cumprido o que promete. E, em vez de unir, divide. Mas os açorianos não são indiferentes. Veem, sentem e, mais tarde ou mais cedo, vão exigir respostas.

Porque sem verdade, sem justiça e sem visão, não há futuro possível. E o desporto, tal como os Açores, merece muito mais.