Opinião

Rima mas desencosta

Fuzilar e legislar rimam, mas são antagónicas no plano político.
Perante o flagelo das sintéticas, que são o maior problema de saúde pública da Região e já problema de segurança na maior cidade do arquipélago, é muito mais fácil papaguear "olhe, por mim era fuzilá-los todos" do que procurar pôr no papel, sob forma de lei ou resolução, soluções que nos permitam como comunidade ultrapassar este problema, em que, utilizando a metáfora futebolística empregue pelo Dr. João Mendes Coelho, psiquiatra da Task Force criada pelo GRA, a rede de prevenção, combate e tratamento está a perder para a rede de produção, tráfico e consumo, por uma goleada, pois o que tem sido feito até ao momento não é suficiente para acompanhar o ritmo de agravamento deste problema de dependências que afeta diretamente muitos cidadãos e indiretamente milhares de familiares e amigos que se sentem incapazes numa batalha que também é sua.
Fuzilar é mais fácil do que legislar, mas nada resolve.
Há que trocar os fuzis imaginários e delirantes pela caneta, assentar o arraial do êxtase e escrever, legislar, criar algo, que mude esta nossa triste realidade, romper com o binómio mediático dos que usam termos como "fuzilar" para chocar a que se contrapõem os que ficam indignados, não com o flagelo das sintéticas, mas com aqueles termos, porque se nos mantivermos aqui ancorados não vai surgir nada.
Bem sei que como grita Moretti em "PalombellaRossa" as palavras "sono importanti!", porque "chi parla male, pensa male e vive male", nas perante este drama das sintéticas interessa menos a forma e mais a reação, assim sendo, relevam mais as palavras de Moretti dirigidas a Massimo d'Alema em "Abril" e que aqui dirigimos ao Governo: "D'Alema, dìqualcosa, reagisci. Dì una cosa anche non di sinistra, diciviltà..." (D'Alema [Secretária], diga alguma coisa, reaja. Diga alguma coisa que mesmo não sendo de esquerda, seja de civilização).