Opinião

Justiça

Foi feita justiça! A assinatura do contrato de financiamento entre o Governo da República e a Universidade dos Açores é uma boa notícia e deve ser celebrada não apenas como um marco para a Universidade, mas como um investimento no desenvolvimento sustentável da Região Autónoma dos Açores como um todo. A concretização deste contrato traduz, igualmente, o reconhecimento do papel fundamental da instituição no desenvolvimento e na promoção do conhecimento na região. Um papel multifacetado, desde logo pela responsabilidade da instituição na formação de recursos humanos qualificados, capacitando os açorianos com as competências e conhecimentos necessários para contribuir ativamente para os diversos setores da sociedade. Além disso, a Universidade dos Açores é, por natureza, um centro vital de investigação. Através desta contribui para a expansão do conhecimento, impulsionando a inovação necessária para o alcance de soluções específicas para os desafios que se colocam à nossa região. As especificidades dos Açores em questões sociais, económicas, culturais e ambientais, exigem um conhecimento profundo da nossa realidade e a construção de soluções adaptadas às necessidades locais.

O reconhecimento por meio da assinatura deste contrato valida não apenas o papel crucial desempenhado pela Universidade dos Açores, mas também fortalece a capacidade de atuação da nossa academia, permitindo-lhe cumprir a sua missão, tanto no ensino como na investigação, de forma mais eficaz.

Recorde-se uma recente aposta em que a Universidade dos Açores, como instituição ao serviço da Região, correspondeu ao desafio colocado pelo Governo PSD/CDS-PP/PPM, criando cursos de mestrado na área de formação de professores, como incentivo à integração na docência, com a atribuição de bolsas de estudo por parte do Governo Regional. Mas, mais de dois anos depois de ter decidido criar este regime e mais de 10 meses após ter decidido a atribuição das bolsas para o ano letivo de 2022/2023, este Governo Regional continua a não pagar aos frequentadores destas formações na Universidade dos Açores. Na verdade, estes são formandos que vão colmatar necessidades de professores do sistema de ensino regional e que o estão a fazer a expensas próprias. Aqui temos mais um exemplo que, mesmo com avultadas verbas do PRR para a formação, o Governo Regional, na tutela da Educação e da Formação profissional, falha na execução e usa os Açorianos como fiadores das suas políticas.

Importa perceber a oportunidade que os Açores estão a perder de aproveitar recursos nunca tidos para colmatar desafios como este. Que a combinação das verbas do contrato agora assinado com as verbas do PRR dedicadas às áreas da educação e formação profissional, assim como à área da investigação e inovação, possa finalmente ser potenciada, a bem dos Açores e dos Açorianos.
 

(Crónica escrita para rádio)