Opinião

Voilá

Em modo rapsódia, assim andamos nos Açores, desde novembro de 2020. Ao som de diferentes ritmos, num compasso descoordenado de diferentes personagens. Num cenário digno das verdadeiras tragédias gregas, os personagens principais quiseram, em novembro de 2020, fazer crer aos açorianos que seriam a melhor solução para os Açores.

Rasgaram-se vestes, engoliram-se acusações e deram-se as mãos. Ao longo de três anos cansaram-se de aludir a estabilidade como premissa para a governação. A estabilidade, segundo os próprios, "alcançada pelos compromissos leais de todos os que asseguraram uma maioria parlamentar para aprovação do programa de Governo e, naturalmente, para aprovação e exequibilidade do programa do Governo, através das orientações de médio prazo e dos Planos e Orçamentos anuais". Esta é uma afirmação do Presidente do Governo, José Manuel Bolieiro.

Espantemo-nos, ou não, quando agora reclama por responsabilidade ao Partido Socialista para fazer passar o Plano e Orçamento para 2024. Fazendo fé nas intenções de voto manifestadas pelos vários partidos representados na Assembleia Legislativa Regional, o Governo Regional não assegura uma maioria parlamentar para aprovação do Plano e Orçamento para 2024. Agora que o argumento de 2020 já não existe, agora que a estabilidade se esfumou, o que fazer? Como já nos habituou este Governo, “sacudir a água do capote”! E, voilá, a responsabilidade é do PS! Foram o PSD, o CDS e o PPM que formularam uma solução para chegar ao poder e tudo têm feito para lá se manterem! Colocando os Açores e os Açorianos em pano de fundo.

Os Açorianos não precisam de um Governo que teima em não assumir responsabilidades. Os Açorianos não precisam de um Governo que a cada crise aponta o dedo a outro. Os Açorianos não precisam de um Governo que governa em modo discos pedidos, sem rumo, sem estratégia. Os Açorianos não precisam de um Governo que promete fazer em 2024 mais do que fez em 3 anos, sabendo que não o poderá executar. Para depois fazer o quê? Vitimizar-se, sacudindo a água do capote. Tão previsível!

 

(Crónica escrita para a rádio)