Opinião

Fazer de conta...

 

Faz de conta que está tudo bem e que a crise não se instalou. Faz de conta que a Região não está mais pobre, mais endividada e que a administração pública não está a ser usada para pagar a fatura de um governo politicamente em agonia. Faz de conta que não houve membros do executivo a bater com a porta por razões exclusivamente políticas, que não há queixas de perseguições, de sucessivas, indevidas e insuportáveis ingerências e que, na prática, isto nada diz sobre a flagrante ausência de liderança. Faz de conta que não foram rasgados os acordos parlamentares que estiveram na base da formação do governo e que, numa democracia séria e decente, o elemento formal não vale quase tanto como o material, não sendo, por isso, exigível qualquer consequência. Faz de conta que, da esquerda à direita, não são inúmeras as vozes a alertar que este governo chegou ao fim e que os apoios de ontem não se transformaram na oposição de hoje.
Por fim, façamos de conta que, afinal, - ao contrário do que parece - não se pode fazer de conta e que, na realidade, o estado pantanoso a que isto chegou não serve mesmo a ninguém…