Opinião

Incoerências (que custam muito)

Nos últimos dois anos temos assistido a um discurso rico em incoerências por parte dos governantes açorianos. Tanto defendem o repúdio ao que chamam a política de “mão estendida” ou, ainda, alimentam a ideia de que todos os que estão abrangidos pelo apoio social não querem, pura e simplesmente, trabalhar.  Ou então, apregoam-se como os obreiros do Plano e Orçamento Regional com o maior pendor social de todos os tempos. Senhores, coerência precisa-se!

De facto, com a amálgama ideológica que governa a nossa região só poderia resultar num somatório de incoerências. Assistimos à implementação de políticas incongruentes, à falta de uma estratégia para os Açores capaz de fazer face à realidade a que hoje assistimos. Vivemos tempos globalmente turbulentos, com guerra, interrupções nas cadeias de abastecimento, choques de energia e picos de inflação. Os responsáveis pela governação da região têm obrigação de antecipar os impactos que se esperam, e responder de imediato aos que já se fazem sentir.

O (des)governo açoriano continua no seu passeio pela avenida do poder, com discursos vinculados à ideia da centralidade geopolítica e até planetária! Mas, descura o mais importante: as pessoas! As açorianas e os açorianos que todos os dias se debatem com as dificuldades impostas pela realidade atual. No entanto, o discurso faz por defender a ideia de que os açorianos nunca estiveram tão bem, em resultado das políticas desta coligação.

Na verdade, qualquer um de nós assiste, diariamente, às dificuldades que se fazem sentir. Todos os que estando ligados ao poder local ou a instituições de cariz social deparam-se com um significativo aumento de pedidos de apoio. E não estamos a falar apenas das famílias mais carenciadas ou em situação de especial fragilidade. Também as famílias da classe média já se debatem com dificuldades em fazer face a todos os seus compromissos. Claro está que quem vive em situação de maior conforto financeiro não estará, propriamente, em dificuldades! Mas, não poderá dizer que não sente a diferença nas compras do dia-a-dia, no combustível ou, ainda, no aumento das taxas de juro.

Ignorar esta situação e esperar que passe ao lado, equivale a enfiar a cabeça na areia. E ter governantes com a cabeça enfiada na areia e que só a levantam para proferir discursos ocos e redondos, não obrigada! Os Açores e os açorianos necessitam de mais e merecem muito mais!

 As respostas deste governo para a atual crise, não só são insuficientes, como ainda se tornam mais inconsequentes, quando assistimos a cortes nos apoios às famílias, implementados de forma, diria mesmo, administrativa. São cada vez mais os casos que nos chegam de famílias a passar sérias dificuldades, muitas vezes de forma escondida, e para quem não há qualquer resposta! Para conseguir apresentar números e metas – para eles sinónimos de boa governação – são deixadas para trás famílias, onde crianças, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade são apenas números!

O Partido Socialista continua a ter como foco as pessoas e a resolução dos problemas que a nossa região enfrenta. Por este motivo continuaremos a lutar pela implementação de políticas que possam ajudar os açorianos a enfrentar mais esta crise, tal como já o fizemos no passado. Recordo que o PS apresentou no plenário do Plano e Orçamento para 2023, um Plano de Emergência Social e Económica, chumbado pelos partidos da direita e pelo PAN. Mas não baixaremos os braços, o PS irá persistir nestas medidas, dando continuidade às reuniões com um conjunto alargado de instituições, Misericórdias, IPSS’s, Juntas de Freguesia, de modo a acompanhar a realidade e desenhar medidas de apoio à altura das suas necessidades.

Estar na oposição não alterou a nossa essência, a solidariedade e a tolerância continuam a ser as pedras angulares de uma sociedade que se quer desenvolvida económica e socialmente, igualitária e livre. No centro da nossa ação estarão sempre as pessoas.