Opinião

Apoiar as nossas cooperativas agrícolas é apoiar a nossa Agricultura

A agricultura atravessa tempos difíceis. Num momento em que os custos de produção disparam praticamente todos os dias, numa altura em que os combustíveis, os fertilizantes e as rações apresentam preços insuportáveis para a maior parte das explorações agrícolas, a importância do cooperativismo nunca fez tanto sentido como nos dias de hoje.

As cooperativas agrícolas são empresas dos agricultores, criadas, e centradas, nos agricultores, geridas democraticamente pelos agricultores para satisfazerem as necessidades dos cooperantes e as suas aspirações socioeconómicas. Geram emprego e prosperidade a longo prazo.

Estas cooperativas funcionam como uma rede de apoio, em que cada membro, cada sócio tem um papel fundamental para alcançar um objetivo comum e garantir que os benefícios proporcionados pela cooperativa sejam alcançados por todos os cooperantes. Neste caso, permitir a inserção do pequeno e médio produtor no mercado, produzindo de forma eficiente e, sobretudo, competitiva.

"O todo é maior que a soma das suas partes", essa é uma expressão que pode perfeitamente ser utilizada para descrever a sinergia que caracteriza este movimento cooperativista.

No entanto, quando uma cooperativa se apresenta com a preocupação, única e exclusiva, de apresentar lucros, sem a capacidade de reconhecer as dificuldades dos seus sócios, dos seus cooperantes, estamos perante uma cooperativa que perdeu a base da sua missão, do seu propósito.

É impossível estabelecer o cooperativismo agrícola sem desenvolver e fortalecer o senso de comunidade. A característica mais importante de todas as cooperativas é o sentido de missão. As cooperativas não foram criadas para gerar riqueza, têm sim de ter a capacidade de gerar resultados positivos, mas sem nunca esquecer que foram criadas para satisfazer os seus sócios, neste caso, os agricultores.

Mas, para isso, os agricultores precisam de trabalhar juntos e apoiar-se entre si. Isso possibilita à Agricultura ter capacidade de influência sobre a economia local de forma eficiente e mais rápida. E é essa união que concede aos agricultores, força para ultrapassar a maioria das dificuldades com que o setor está confrontado.

Dificuldades que agora se intensificaram com a inflação que hoje se faz notar, e com a falta de estratégia e de capacidade de liderança de quem hoje governa os Açores.

As cooperativas contam com fundos limitados, dependendo, assim, do governo para se manterem economicamente viáveis e capazes de poder dar resposta ao propósito para que foram criadas.

Daqui percebe-se, inequivocamente, outra relação de sinergia que tem de existir, neste caso entre cooperativas e governo. O governo tem a obrigação de dar a mão a toda e qualquer cooperativa, tem a obrigação governativa de as apoiar em todos os domínios. Ao invés de, por exemplo, expor as dívidas das cooperativas, fragilizando ainda mais o setor, abalando a credibilidade das cooperativas e a sua capacidade de negociação, afetando assim, diretamente, todos os agricultores. Já fecharam a Cooperativa Ocidental das Flores, qual será a próxima cooperativa que este governo irá fechar?

Adotar uma posição de liderança humilde é trabalhar no presente pensando no futuro, porque os agricultores não vivem no passado, trabalham é no presente, a pensar no futuro.

Hoje é tempo de olhar para os agricultores e não apenas para os lucros!

Hoje é tempo de tomar as decisões certas para um futuro que, infelizmente, se avizinha incerto!

Hoje é tempo de agir, porque apoiar as nossas cooperativas agrícolas é apoiar a nossa Agricultura!