Opinião

Pois então eu respondo: não há Plano!

"Falhar na preparação é preparar-se para falhar"

Ditado Popular

      Iniciativas parlamentares impensadas são brincadeiras de gente crescida irresponsável. A consciência disto parece-me muitíssimo importante.
      Que se nunca abdique de perseguir aquilo em que cada um acredita. Verdade. E também nisso eu acredito. Há que dar o primeiro passo sem que, para tal, todas as constelações celestiais tenham que se alinhar como apenas o sucede, eventualmente, por uma única e exclusiva vez de milénio em milénio. Também sem dúvida. Rasgam-se assim os caminhos, caminhando. Certo. Porém, meus amigos, que ao menos não o façamos de olhos fechados. Lembremo-nos da hipótese de que o último meio metro do promontório pode até ser mesmo, e tão somente, o lugar onde exatamente nos encontramos. E esse pequeninho passinho em frente pode, afinal, revelar-se monstruosamente fatal.
      Persegue o PS, muito além de qualquer outra bancada parlamentar da Região, a plena concretização do princípio matricial da igualdade de oportunidades. Mas é também o PS, muito além de qualquer outra bancada parlamentar da Região, que demonstra uma verdadeira responsabilidade governativa quando alerta o governo de que nada são aconselháveis quaisquer passos maiores do que a perna, ou de outro modo, se o preferirem, nada é aconselhável o acelerar de certos processos em controlo no pedal direito, queimando desmesuradamente etapas, e que até nem mesmo o melhor condutor do mundo conseguiria cumprir a primeira curva sem que o estampanço fosse um acontecimento inevitavelmente garantido.
      Ora aí está. É exatamente isto que se passa, por exemplo, com o diploma a debate em plenário, "alargamento e diversificação do ensino artístico especializado na Região Autónoma dos Açores", da autoria dos partidos da coligação governativa. Desejamo-lo, sim, desejamo-lo, mas tracemos um caminho sustentável para lá chegar. Parece-me isto um mínimo de responsabilidade exigível a quem governa. E já que o discernimento governativo não abunda em quem atualmente decide, porque não respeitar a esmagadora opinião de quem vive diariamente com as mãos mergulhadas nesta massa, bastando para tal e tão simplesmente deter-se um pouquinho sobre a mensagem dos vinte e cinco pareceres entrados na nossa Assembleia. Convém ouvir, digo eu.
      E as medidas avulsas, essas sim, vão na verdade abundando. Onde afinal se enquadra este alargamento e diversificação do ensino artístico no tal Plano Educativo Regional para a década? Esta eu sei responder: não há Plano! Mas como justificar este tremendo investimento no imediato e a todos os níveis de recursos - sejam eles estruturais, materiais ou humanos -, quando nos debatemos com enormes dificuldades em garantir os arranjos das infraestruturas escolares já existentes, em garantir o fornecimento, a todas as nossas escolas, dos equipamentos fundamentais para a prossecução do bom serviço público na área da educação e ensino, em garantir docentes para muitas das disciplinas do ensino regular, assim como, efetivamente, do ensino artístico especializado em atual desenvolvimento? Hum, esta agora é mais difícil, porém diria que a mesma resposta...