Opinião

A brincar à política

O PSD apresentou, numa daquelas manhãs intermináveis do Plenário da Assembleia Regional, um voto de protesto intitulado “incumprimento do protocolo com a Universidade dos Açores”. Este voto foi aprovado por unanimidade.

Estávamos, então, no dia 25 de fevereiro de 2021. Por estes dias, novamente, em manhã idêntica, o PSD, de braço dado com os apêndices nervosos que voltaram ao estatuto de sólidos parceiros aquando do anúncio da recandidatura de Bolieiro à liderança do PSD/açores, apresentou um voto de protesto ao “chumbo à compensação da insularidade para as universidades dos Açores e Madeira”. Lendo a nota informativa disponibilizada, a solo, pelo PSD, o voto tinha um único propósito: atacar o PS.

Segundo a dita nota, “a postura socialista revela uma profunda desconsideração pela Universidade dos Açores, reiterada na discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2022”, num claro incumprimento das responsabilidades do Governo da República”. E continuando a citar o Deputado Flávio Soares, “(…) trata-se de mais uma manifestação de indiferença do Partido Socialista pelas especificidades da Universidade dos Açores”, o qual acaba a concluir que “esta atitude traz consequências gravosas no financiamento da Universidade dos Açores, a que acresce ainda a dificuldade de esta não poder concorrer aos programas operacionais em vigor”. Ora bem, deixando-nos de brincadeiras, sabem porque surgiu este voto protesto? Única e exclusivamente porque os Deputados do PS eleitos pelos Açores à Assembleia da República (AR) conseguiram uma enorme conquista para a Universidade dos Açores. A reivindicação era antiga e a luta do PS/Açores também, mas foi preciso juntar força política à força da razão do pedido para que o Governo da República tenha agora assumido que a Universidade dos Açores pode, através da elegibilidade dos programas operacionais temáticos e programas operacionais regionais, candidatar-se, neste próximo Quadro Comunitário de Apoio, a todas as tipologias elegíveis no âmbito da conjugação destes dois projetos.

Foi esta abertura a uma considerável via de financiamento para a nossa Universidade, conseguida pelos Deputados do PS/A na AR, que esteve na génese do apressado voto de protesto do PSD/A. É certo que o PSD/A tem responsabilidades na opção pouco autonomista pela forma de gestão com que nasceu a Universidade dos Açores; também é certo que foi o PSD de lá que retirou a possibilidade da nossa universidade concorrer a fundos comunitários; e não é menos verdade relembrar os cortes que a “atual manta de retalhos” governativa impôs, mal entrou em cena, nas áreas da Ciência, Investigação e Inovação.

Tudo isto são factos, mas acima de tudo isto deveria estar o interesse dos Açores. Uma boa medida para os Açores; uma conquista para a Autonomia, devia merecer a congratulação unânime dos representantes do Povo Açoriano. Em vez disso, tivemos o PSD, zangado, a inventar um requentado protesto. E assim vamos no recreio de Bolieiro…