Opinião

E já perdida no labirinto...

 1. Com alguma boa disposição:
- Para ser Franca, tenho mesmo que dizer uma coisa que poderá transtornar um pouco os meus camaradas. Não gosto nada de lhes fazer isto, mas quando tem de ser, tem realmente muita força. Que me desculpem, mas nada a fazer - o CDS-PP convenceu-me, definitivamente! O argumentário da Sra. Secretária do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas foi muito fraco, para justificar o seu NÃO à taxa turística regional: Ah, porque estamos dando um sinal errado para que os turistas visitem a nossa Região, ah, porque São Jorge precisa de turistas, ah, porque até concordo, mas agora não... enfim, nada convincente, nadinha, apesar de uma confiança discursiva de relevo para alguém que agora chega à política para rejuvenescer o Governo.

2. Mantendo o tom bem-disposto:
- Mas quando o CDS-PP se levanta para a defesa do mesmo NÃO e, após um conjunto de argumentos semelhantes, joga um Ás de trunfo na mesa, rebentou com tudo! Ocorreu-me pedir licença ao Sr. Presidente do plenário, arrumar a minha ferramentazinha na mochila, levantar-me, despedir-me com abracinho bem apertado a todos e cada um dos meus colegas de bancada, e sair. Ganharam...! Devia ter avançado, com efeito. Confesso-me arrependido. Já viram bem?! É que as taxas turísticas regionais, dizia o Sr. Deputado, vão obrigar a que o Governo Regional tenha agora que manter as casas de banho públicas sempre abertas, arranjadas e até limpas!? O mesmo é dizer, digo eu, agora, que na ausência da taxa, desta ou de qualquer outra, pois que venham eles, os turistas, que não temos qualquer prurido em recebê-los com os wc's fechados, caso haja dias sem pachorra para os abrir, ou até, quando abertos, nenhum problema em apresentá-los com a imundice que calhar... ...A...RRE...BEN...TOU!

3. Agora fora brincadeiras:
- Há por acaso algum turista que abandone a ideia de nos visitar pelo facto de descobrir que tem uma taxa turística de um euro diário (até a um máximo de quatro euros a vigorar a partir de 2023) para acrescentar à sua despesa de viagem? Se algum turista desistir da ideia de vir aos Açores por esse motivo - no fundo, para uma poupança pessoal de (no máximo) 4 euros - será que, do ponto de vista económico, ficaremos muito a perder? Afinal queremos é um turismo de massas, é isso? Queremos mesmo é estes trilhos naturais com exploradores em fila indiana, do seu início ao fim, a bicar nos calcanharzinhos uns dos outros? Não será que a mais-valia dos Açores, aquilo que nos é dado como sendo o nosso maior tesouro, não é exatamente a tal natureza intacta que tanto (e bem) queremos afinal promover? Decidam-se, senhores, sobre aquilo que afinal se pretende! E quanto a isso, não me parece que dúvidas subsistam. Um turismo sustentável, valorizado, especial, não pode mesmo seguir outro caminho que não seja este. E mais: São Jorge precisa hoje, de modo emergente, mesmo, de receber todo o apoio necessário para o relançamento da sua economia local e familiar, iniciativa que o Partido Socialista deu já entrada na Assembleia Legislativa Regional dos Açores. Nada de confundir isto - uma medida extraordinária, de grande urgência e importância - com uma medida estruturante para a Região. E como se cruza e sustenta essa ideia do sinal contrário quanto à taxa turística regional, com a (eventual) defesa da taxa turística municipal e com o fim dos encaminhamentos gratuitos para os não residentes, verdadeiramente desmotivando a intenção de visitar outras ilhas que não a de São Miguel, como por exemplo e exatamente, a ilha de São Jorge? Só mais uma questão: na sequência disto mesmo, como podem os municípios defender antes uma taxa turística municipal, sem que antes se garanta um sistema eficaz e justo de fazer chegar os turistas a todos os municípios da Região?
Enfim... apesar de toda a transbordante experiência política, há já mais uma governante completamente perdida no labirinto governativo, acabadinha, acabadinha de lá ter entrado.