Opinião

16 anos depois…

Em 2005, na sequência das eleições autárquicas realizadas a 9 de outubro, tomei posse como membro eleito pelo Partido Socialista à Assembleia Municipal das Lajes do Pico. Tinha 24 anos. Era um jovem que, após concluída licenciatura na Faculdade de Direito de Lisboa, tinha optado no início desse ano por regressar a casa. Não foi a opção mais fácil. Profissionalmente, implicou transferir o estágio de advocacia de Lisboa para o Pico. Pessoalmente, significou deixar para trás 5 anos fantásticos pela capital. Mas, se fosse hoje, teria tomado a mesma opção. Regressar onde se é feliz é sempre a decisão certa. Ainda que implique, obviamente, uma rápida mudança de chip. Quando já estava plenamente reintegrado, surgiu o convite para me juntar a um projeto de mudança. Estávamos a cerca de 6 meses das eleições autárquicas. O desafio era muito aliciante. Não podia recusar a chamada. Era o futuro da minha terra que estava em jogo. Não era possível dar falta de comparência. Ainda para mais quando todos sabiam, pelas opiniões emitidas publicamente no Jornal “O Dever”, que defendia a imperiosidade da minha terra mudar de rumo. O objetivo, pela vontade soberana dos eleitores, não foi atingido. O Partido Socialista ficou a pouco mais de 100 votos do PSD, tendo conquistado a junta de freguesia da sede do concelho (Lajes do Pico). É certo que a mudança não chegou em 2005, mas fiquei de consciência tranquila pelo trabalho fantástico que desenvolvemos. Trabalho de equipa, com pessoas formidáveis e com genuína vontade de contribuir para um futuro mais risonho. Trabalho esse que procurei representar nos 4 anos do mandato enquanto Deputado Municipal. Nem sempre fui acompanhado e muito menos defendido; cometi erros e excessos; lutei sempre por aquilo em que acreditava; defendi com unhas e dentes o interesse público; dei sempre o corpo às balas e aprendi muito, muito. Principalmente, no que concerne à união e solidariedade. Saí pelo meu pé e de consciência plenamente tranquila. Nas eleições seguintes, nas quais não participei ativamente, o PS ganhou a Câmara das Lajes do Pico. Tal como em 2005, por vontade soberana dos eleitores. Como recordar é viver, vem isto a propósito da minha tomada de posse, ocorrida no passado dia 29 de dezembro, como membro eleito pelo PS à Assembleia Municipal de Ponta Delgada. 16 anos depois voltei a tomar posse como deputado municipal. Neste considerável período temporal, muita coisa mudou. E não só em termos geográficos. Dei por mim, sentado no Coliseu Micaelense, a pensar nisso. O jovem recém-licenciado de 2005, já é um recente “quarentão”, pai de 3 filhos e com muito menos cabelo. A rebeldia de 2005 deu lugar, ainda que por vezes não pareça, a alguma maturidade. O sentido crítico atenuou-se um pouco. Aumentou a paciência. E cresceu exponencialmente a capacidade de estar em silêncio. Mas os ideais e sentido de liberdade mantiveram-se inalterados. Por isso, tal como referi na minha primeira intervenção, cumprirei o mandato norteado por uma postura de exigência e reivindicação, conjugada com um espírito de cooperação e colaboração. Tudo em prol e respeito pelos superiores interesses dos munícipes de Ponta Delgada. E a verdade é que há muito para fazer e melhorar! Vamos a isso!