O escrutínio da ação governativa é fundamental em democracia. Quem governa deve esclarecimentos e respostas. Não é, por isso, aceitável o recurso à síndrome do Calimero quando, porventura, não se gosta das perguntas nem se concorda com as críticas. Para quem passou o último ano e meio a ouvir até à exaustão que “mais vale ser excessivo na prudência, do que negligente na acção”, faz espécie confrontar essas declarações com o atual estado da pandemia e com o atraso nas medidas para mitigar a situação. Por exemplo, face à previsível multiplicação de casos, porque razão não houve controlo da lotação em espaços fechados? Porque razão proibiram os eventos ao ar livre e mantiveram aqueles em espaço fechado? Porque razão se introduziram taxas moderadoras nos testes PCR e de antigénio? Porque razão perante uma variante especialmente transmissível, o Governo se limitou a confiar na vacinação em vez de recorrer ao vasto arsenal de ações ao seu dispor? Porque razão não foram tomadas providências para evitar sobrecarregar, ainda mais, o Serviço Regional de Saúde? Excessivo na prudência??