Opinião

E se o nome dele fosse só Francisco?

Só exerce cargos políticos quem se predispõe à vontade do povo. Só se predispõe ao exercício destas funções quem tiver a consciência de que será permanentemente julgado pelo povo. Só aceita exercer esse tipo de funções quem consegue conviver bem com esse escrutínio. E ainda bem. A democracia pela qual o povo lutou e continua a lutar funciona assim mesmo. O povo avalia, o povo critica e é o povo que decide.

Por esta ordem de ideias, a crítica política estará sempre presente. Fará sempre parte da sociedade. É assim que funciona e é assim que deve ser. Era o que mais faltava, em democracia, não podermos criticar o exercício destas ou daquelas funções, criticar estas ou aquelas decisões políticas ou até mesmo estas ou aquelas opiniões sobre determinado assunto.

Pelo contrário, quando, em democracia, se passa a criticar políticos com as suas vidas pessoais e familiares, as críticas deixam de ser políticas e passam a ser outra coisa qualquer. Quando se faz isso, é porque pouco ou nada há a apontar sobre o conteúdo, sobre o exercício das funções ou sobre qualquer decisão.

Todos nós temos vidas pessoais e familiares, independentemente do que fazemos profissionalmente. Os políticos não são exceção. Alguns filhos seguem por áreas que os seus pais também seguiram, na política isso também acontece e sempre aconteceu por todo o mundo. Não faltam exemplos em todas as áreas.

E se o filho do Sérgio Conceição treinasse para ser futebolista e o pai dele fosse o seu próprio treinador? E se os filhos do Tony Carreira trabalhassem com o seu próprio pai para serem cantores? E se o filho da Júlia Pinheiro também pretendesse apresentar programas televisivos na mesma estação de televisão da mãe? E se a filha do Marques Mendes também fosse política? E se o nome dele fosse só Francisco?

Caro ouvinte, não é nada disso que nos deve fazer avaliar o que as pessoas fazem, mas sim a forma como elas próprias o fazem.

 

(Crónica escrita para Rádio)