Opinião

O Desporto reclama apoio do Governo Regional

Com o XIII Governo Regional e a sua nova orgânica, o Desporto saiu da alçada da Educação e passou para a área da Saúde, coabitando, assim, com a Proteção Civil.
Entre teorias e práticas, muitos recearam que, deste modo, o Desporto pudesse passar a ser um "parente" da governação.
Entre teorias e práticas, todos sabemos que as crianças e jovens são um segmento fundamental na promoção da atividade física e desportiva, considerando que é nesta fase da vida que adquirem as bases da sua literacia motora e adotam hábitos de vida saudáveis.
Ao longo dos últimos anos esta foi uma área da governação que mereceu atenção e que deveria continuar a sê-lo.
Contudo, no que concerne ao desporto para crianças e jovens, o que se sabe é que no próximo ano haverá um corte de 8% nas verbas destinadas à promoção da literacia motora, nomeadamente, nas Escolinhas do Desporto.
A literacia motora abre um mundo de oportunidades para a atividade física, o desporto e a vida quotidiana. É necessário criar o ambiente certo para que crianças e jovens aprendam os fundamentos do movimento, as determinantes da condição motora e das competências desportivas.
Mas neste aspeto, para além do referido corte, a ação destinada à atividade física para jovens, direcionada ao apoio à atividade física organizada e devidamente enquadrada de jovens desapareceu. Não haverá em 2022.
Simplesmente eliminou-se.
Na mesma senda, cortou-se o apoio à atividade regular dos clubes desportivos que desenvolvem atividades de treino e competição dos escalões de formação, incluindo o apoio aos coordenadores da formação que, em 2022, sofre uma redução de cerca de 25 mil euros.
No cômputo geral, a atividade desportiva teve um corte inexplicável de quase 600 mil euros.
Ao invés de na atividade associativa se apoiar as atividades associativas de âmbito local, regional e nacional, arbitragem e outras do programa anual das associações desportivas ou clubes que desempenhem essas funções, bem como também apoiar a estrutura técnica associativa, a formação formal de agentes desportivos não praticantes, a atribuição de prémios de classificação inerentes às participações nas respetivas provas nacionais, sem esquecer o desporto para pessoas portadoras de deficiência quando integradas nas estruturas associativas, teremos, em 2022, um desinvestimento traduzido em 222 mil euros.
Mas não só.
Também na atividade desportiva, ao invés de se apoiar a participação de clubes em quadros competitivos de regularidade anual, regionais, nacionais, internacionais e séries Açores, bem como apoiar a utilização de atletas formados nos Açores, a contratação de treinadores qualificados e a atribuição de prémios de classificação, o Governo opta por desinvestir nesta área e cortar cerca de 130 mil euros.
Mas não só.
Depois de tantas provas dadas pelos atletas regionais, ao invés de aumentar o apoio no âmbito do Alto Rendimento, nos jovens talentos regionais e projetos de preparação especiais, visando representações olímpicas ou paralímpicas numa perspetiva de promoção da excelência desportiva como até aqui se tem feito, o Governo Regional retira 17% da verba destinada para esse efeito.
Num momento em que a Pandemia não terminou e em que surgem novas restrições e exigências, não existindo qualquer plano para o outono e inverno, apesar de em devido tempo se ter chamado a atenção do Governo, este executivo negligencia por completo as necessidades dos clubes desportivos e retira toda e qualquer verba destinada ao programa de apoio extraordinário aos clubes desportivos.
E no que diz respeito às instalações desportivas?
Ao invés de se reabilitar, requalificar, remodelar, ampliar, melhorar, intervindo, por exemplo, nos pisos dos campos, em portões e sinaléticas, na iluminação, nos balneários, entre outros, este Governo decidiu, em 2021, alocar 30 mil euros para a construção de um campo de Padel na Horta que ainda ninguém viu e, para 2022, como que satisfeito com o que não fez, decidiu eliminar cerca de 145 mil euros no investimento nas instalações desportivas.
Não se compreende.
Perante as dúvidas e as questões colocadas, o Governo Regional tem-se limitado a não dar respostas.
Assim como continua a faltar resposta à providência cautelar decretada pelo Tribunal Administrativo de Ponta Delgada, que determinou que a atuação do Governo Regional foi contrária à Lei, quer à Lei Ordinária, quer à Constituição da República Portuguesa, estando em causa o facto do executivo não ter atualizado a lei na definição do patamar superior das provas organizadas pela Federação Portuguesa de Futebol, que deixou de ser o Campeonato de Portugal depois da criação, na época em curso, da Liga 3.
Que respostas a atletas, associações e clubes que, fruto desta situação, perderão verbas significativas para a sua atividade?
Uma coisa é certa: é necessário continuar a apoiar e incentivar o Desporto Açoriano.
Assim não vamos lá.