Opinião

A instabilidade açoriana

Passou praticamente um ano da tomada de posse do atual Governo dos Açores e já é possível fazer-se um balanço do que nos trouxe essa nova realidade. A opinião geral que tem sido manifestada de forma bastante clara é de que a falta de preparação e a instabilidade são palavras de ordem.

 

Senão vejamos:

Já se demitiram duas Diretoras Regionais ainda nem haviam passado seis meses. A Diretora Regional da Energia saiu sem informar o seu Secretário dessa intenção. A Diretora Regional da Igualdade demitiu-se por alegada vacinação indevida e praticamente um ano depois ainda não se sabe o resultado do inquérito aberto a esse respeito.

A esse inquérito somou-se mais um sobre vacinações indevidas num centro de vacinação. Acusaram-se publicamente enfermeiros, mas ainda não se veio esclarecer o que realmente aconteceu, mantendo-se o peso da culpa nesses profissionais.

Figuras do PSD já vieram a público dizer que acham estranho um grupo parlamentar de 21 deputados ser demasiado dependente de representações parlamentares com 1 só deputado.

Há escândalos a envolver membros do atual Governo e que são abafados.

As queixas de profissionais de saúde são seguidas: abaixo-assinados contra Conselhos de Administração, casos com médicos e funcionários de Hospitais que já resultaram em mais abaixo-assinados e ainda mais averiguações que possivelmente não veremos os seus resultados.

Carlos Furtado deputado eleito do Chega, um dos suportes deste Governo, pede a demissão do seu partido e passa a independente.

Nuno Barata já veio dizer que o governo começou com o pé esquerdo e que precisa de uma remodelação urgente vindo logo a seguir ameaçar o chumbo o Orçamento dizendo que o acordo escrito não estava a ser cumprido.

Paulo Estevão do PPM utiliza as páginas dos jornais para se atirar a um Deputado que sustenta a coligação de que faz parte.

Há poucos meses o Deputado do Chega disse ter sido informado que este Governo era mais barato, agora vem dizer que este Governo é grande demais e que precisa de ser revisto.

Para não falar do berbicacho com as Agendas Mobilizadoras que trazem consequências para os Açores que ainda se vão ouvir falar muito delas, infelizmente.

Resultado desse assunto foi o Deputado do PAN informar que “com ele não contavam mais”.

 

Ou seja, este Governo enche permanentemente a opinião pública de desconfianças que minam a sua própria estabilidade e já andam todos à bulha. Um ano depois ainda não se orientaram, vivem da gestão diária, adiam investimentos e governam para a sua manutenção tentando agradar às exigências dos que o seguram, mesmo que estas exigências sejam complemente contrárias entre si.

Isso tudo junto só dificulta a implementação das políticas que os Açores precisam neste momento.

 

(Crónica escrita para Rádio)