Opinião

Emancipação?

As gerações mais novas vivem hoje um paradoxo asfixiante. Se, por um lado, temos a geração mais qualificada de sempre, por outro, essa circunstância não responde à aspiração de alcançar estabilidade profissional e, assim, emancipar-se e constituir família. Num país – e numa região – onde a curva demográfica é um dos principais óbices - este problema, a par da precariedade laboral e de uma iníqua desigualdade de rendimentos, constitui uma séria e grave ameaça à coesão social. O acesso a uma habitação condigna, o combate à precariedade laboral e a luta por um rendimento compatível com a qualificação são pilares de uma pirâmide, sem os quais é a própria democracia que está ameaçada. Isto sem falar do enorme e cíclico problema que se antevê quanto à sustentabilidade da segurança social e cujas vítimas serão, a prazo, os que já hoje sentem as suas expectativas defraudadas. Para tudo isto, urge encontrar soluções sob pena de, deste caldo, resultar um caldeirão de imprevisíveis consequências e de, pela primeira vez em muitos anos, a presente geração não ter uma vida melhor do que aquela que a precedeu.