Opinião

Os 60 anos da relação com a Coreia

60 ANOS - a Assembleia da República promove em todas as legislaturas a criação de grupos parlamentares de amizade com diferentes países com quem Portugal tem uma relação especial. Estes grupos que reúnem deputados dos diferentes partidos têm como principal missão aprofundar as relações com os parlamentares do país estrangeiro em causa. Ao longo destes anos tenho tido a honra de fazer parte do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal - República da Coreia e tem sido uma experiência enriquecedora. A história, a cultura, a economia, as tradições deste país são notáveis, e se na minha deslocação à Coreia, no âmbito da Assembleia Parlamentar da NATO, em 2017, tive oportunidade de conhecer a fascinante fronteira com a Coreia do Norte, as relações sempre tensas entre ambas, e o desejo profundo da reunificação das duas Coreias, não menos interessante foi conhecer a cidade vibrante de Seoul e o seu povo. Ora, este ano é um ano especial. Especial porque comemora-se o 60º aniversário das relações diplomáticas entre Portugal e a República da Coreia, e esta semana realizou-se mais um evento inserido nas comemorações, uma noite dedicada à cultura coreana que contou com arte e música tradicionais, mas também com dança contemporânea, K-Pop Dance, e com a arte marcial Taekwondo. A relação de Portugal com a República da Coreia é longa e privilegiada dado que estima-se existir há mais de quatro séculos, e oficialmente há seis décadas. Em 1975, a República da Coreia abriu a sua Embaixada em Portugal e em 1988 Portugal abriu a sua Embaixada na Coreia. Com o aprofundamento das relações entre os dois países, Portugal e a Coreia assinaram, em Lisboa, a 2 de dezembro de 1977, o primeiro Acordo de Comércio, a que se seguiram diversos acordos de cooperação económica, industrial e técnica, cultural, de promoção de investimentos e de dupla tributação. É também de assinalar que Portugal e a Coreia desempenharam papéis importantes em conjunto, em operações de paz e estabilização, como a que teve lugar em Timor-Leste em 2000, em que os dois países fizeram parte do núcleo central da Força no terreno e muito contribuíram para a estabilização do país. É de destacar a solidez, a determinação e o progresso das relações diplomáticas entre Portugal e a República da Coreia, tanto no plano bilateral como a nível internacional e multilateral, e estou certa no futuro continuará a existir um forte interesse em aprofundar cada vez mais esta relação nas vertentes económica, política, cultural, enriquecendo ambos os países.

 

BIELORÚSSIA - a Bielorrússia teve há um ano eleições fraudulentas, a que se seguiram grandes manifestações populares e uma brutal repressão política, com mais de 600 presos políticos, entre os quais um jornalista cujo voo civil foi desviado para o deter. Apesar de a União Europeia e de os Estados Unidos já terem aplicado sanções ao país, o regime de Lukashenko pode ainda beneficiar dos mil milhões de dólares em reservas de "special drawing rights" (direito de saque especial) do FMI, o que tornaria as sanções anteriormente aplicadas com pouca relevância. Um SDR é um ativo internacional de reserva, criado pelo FMI, em 1969, para complementar as reservas oficiais dos países, permitindo aos membros reduzir a sua dependência de dívidas internas ou externas mais caras para formar reservas. Este ano foi feita a maior afetação de SDR na história do FMI para aumentar a liquidez global, são mais de 547 mil milhões de euros, podendo a Bielorússia beneficiar deste instrumento.

É, por isso, que fiz parte dos 23 deputados socialistas signatários que pretendem que Portugal tome as diligências para congelar este valor, em linha com o que a líder da oposição democrática, Svetlana Tsikhanouskaya, reclamou no passado dia 20 de agosto, por intermédio do nosso representante no Conselho Executivo do FMI. Este é aliás mais um tema internacional que temos acompanhado muito de perto e continuamos empenhados na defesa dos direitos humanos e da transição democrática na Bielorrússia, apresentámos vários Votos parlamentares a este respeito e reunimos com a líder da oposição Svetlana Tsikhanouskaya aquando da sua visita a Portugal a 4 de março de 2021.

Já sabe proteja-se e proteja os seus! Haja saúde!