Opinião

Um adeus e esperança

Até sempre, Presidente - Nas palavras do Presidente da República, Portugal perdeu, na semana passada, um dos seus maiores. Jorge Sampaio foi, de facto, uma personalidade ímpar e irrepetível e são plenos de sentido os inúmeros apelos a que saibamos, jovens e menos jovens, fazer jus à sua memória nas nossas ações.

Muito se disse e escreveu sobre a sua vida, no período do antigo regime e na democracia. Na Universidade, foi um firme e corajoso opositor à ditadura. Nos tribunais plenários, foi destemido na defesa de presos políticos. Entre os vários cargos que desempenhou destaco os de Secretário Geral do PS, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Presidente da República. Não limitou a sua intervenção às nossas fronteiras. Além de outras funções que exerceu, por exemplo na Organização das Nações Unidas, fundou uma plataforma de apoio a estudantes sírios, estendida, pouco antes da sua morte, a jovens afegãs.
A imagem que mais me impressionou, das muitas que ilustraram o adeus dos portugueses, foi a de um homem envergando uma T-shirt que dizia “Obrigado, Jorge Sampaio. Pessoas que usam drogas”. Porque ela traduz a bondade e os valores humanistas que guiaram a sua vida até ao fim. Porque dela emana a essência da vida de uma pessoa que olhou para as outras como aquilo que elas são – pessoas. Porque essa imagem se deve ao arrojo do pensamento de Jorge Sampaio e à sua capacidade de concretizar a esperança. Até sempre, Presidente! Obrigada!

O contrário do humanismo – Matteo Salvini, líder da extrema direita italiana, próximo do líder da extrema direita portuguesa, aquela que nos Açores apoia o governo, começa a ser julgado esta semana por ter recusado, em agosto de 2019, o desembarque de 150 migrantes resgatados pelo navio humanitário “Open Arms”. Tão assustador quanto a recordação dos 20 dias passados por estes migrantes em alto mar é o resultado da votação para levantamento da imunidade parlamentar de Salvini, que é atualmente membro do Senado italiano. 149 votos a favor, 141 contra. Lembra-me a pertinência das palavras de Jorge Sampaio no último artigo que escreveu, na edição do jornal Público de 26 de agosto, que se intitulava, precisamente “Dever de solidariedade”. Tenho esperança.

O futuro de Ponta Delgada – Dentro de menos de duas semanas seremos chamados a escolher o futuro que queremos para os nossos concelhos e freguesias. Um futuro que será moldado pelos homens e mulheres que, em nossa representação, tomarão decisões que não nos implicarão apenas a nós mas, também, às próximas gerações.

Olhando para Ponta Delgada, uma cidade sem políticas municipais de habitação, de cultura, de património; com uma gestão de resíduos desastrosa; que cumpre os mínimos dos mínimos na mobilidade; sem uma adequada gestão do território; sem uma política social capaz de contribuir para a diminuição das desigualdades (veja-se o caso recente do apoio indiscriminado à quota anual de todos os escuteiros do concelho, destituído de quaisquer critérios de justiça social), concluímos que é necessário mudar o rumo. Não pelo tempo que decorreu de gestão pelo PSD, mas porque, apesar desse tempo, estamos como estamos.

Conheço o André Viveiros há muitos anos. A sua entrega às causas do poder local e das suas populações, a sua integridade e as suas convicções. Alia as suas qualidades pessoais ao pensamento estratégico e à experiência de gestão pública. Lidera uma equipa de gente competente, empenhada e comprometida com o futuro do nosso concelho. Desejo muito que mereça a confiança dos eleitores porque isso significará, de facto, uma nova vida para o nosso concelho e para as suas gentes. Uma nova esperança.