Opinião

Cidades de 15 minutos? Cidades Inteligentes? O lugar do cidadão nas cidades? Qual o caminho?

Em Paris foi concebido um projeto para tornar a capital francesa em uma ‘cidade de 15 minutos’. Este conceito de planeamento urbano ajudou na reeleição da presidente de câmara da capital francesa, Anne Hidalgo.

Serviços num raio de 15 minutos a pé ou de bicicleta, mobilidade descarbonizada, passou a ser o novo objetivo de várias cidades, melhorando as questões urbanas.

O Grupo C40 de Grandes Cidades é um grupo com foco no combate às mudanças climáticas e que aposta no conceito de cidade de 15 minutos, como o modelo mais indicado para a recuperação económica pós-COVID nas cidades em linha com a sustentabilidade ambiental.

Massivamente, durante os últimos anos, nos Açores, muitos se falou do conceito Cidades Inteligentes, mas muito pouco foi feito. Toma agora lugar o conceito da Cidade de 15 minutos, uma cidade com menos carros, mais parques e áreas urbanas coletivas.

Nos Açores, por ventura, será dos locais mais indicados para implementar este conceito. O carro é uma novidade recente mas, infelizmente, rapidamente, rápido demais, subjugou o desenho das cidades, onde se alargam as vias e estreitam-se os passeios. O transporte público, é também uma novidade recente, mas que lentamente, lento demais, tarda em tomar o seu lugar como impulsionador de uma mobilidade eficiente e ecológica. Para quando uma mudança de paradigma? Ou continuaremos no contraditório simplista das reservas de competências regionais e locais relativas aos transportes terrestres?

Anne Hidalgo, substituiu os eixos tradicionais das campanhas eleitorais, por linhas mestres como: a ecologia, cidade de baixo carbono e a de proximidade, usar mais, melhor e partilhar as infraestuturas. Do global para o local, será útil pensarmos como queremos deixar as nossas cidades aos nossos filhos daqui a 30 anos?

As soluções para a neutralidade carbónica em 2050 não se iniciarão em 2049 e não é um problema só de outros.

À margem dos conceitos cidades inteligentes, cidades de 15 minutos, ou outro qualquer conceito, impõe-se pensar e agir sobre um conceito que questione qual o lugar dos cidadãos nas cidades - a partir deste conceito o a estratégia urbana será útil a quem mais importa: o cidadão.