Opinião

Debate do Plano e Orçamento

A crónica desta semana é uma análise do que foi a postura dos vários intervenientes com assento no Parlamento durante o debate na generalidade do Plano e Orçamento da Região.

O PAN ainda não percebeu que está no Parlamento dos Açores e que tem responsabilidade legislativa. Quem votou no PAN continua à espera da defesa afincada do legado do seu partido junto desta coligação. Vai fazê-lo ou vai ser um “deixa andar”?

Para o IL foi mais uma oportunidade para tentar dizer que este liberalismo que apregoa equivale a uma espécie de libertação de um povo quando aquilo que pretende é a libertação dos que mais podem às regras básicas de uma sociedade que se quer convergente para o bem comum. Esquece-se tantas vezes da diferença entre liberdade e libertinagem. Mais não é do que um aventurado liberal já que ninguém o quis noutro partido. Não deixa de ser curioso vê-lo a prestar vassalagem a quem um dia o negou.

O PPM faz parte da solução de governo, tem mais um Deputado, mas continua a ser partido de uma só pessoa que se mantém concentradíssima no PS porque não sabe ser de outra forma. Mantendo-se como o “piadolas” de serviço acrescenta-lhe agora a arrogância de quem atingiu o seu único objetivo (palavras dele): retirar o PS da Governação nos Açores. Inchado de orgulho com tão magro objetivo.

O BE continua igual a si mesmo, não muda uma vírgula ao seu discurso e àquilo que pretende desde o início, mas faz algo inteligente, repete propostas antigas que foram favoravelmente votadas pelo PSD quando era aposição esperando agora que esta coligação mantenha a coerência. Vai o PSD aprovar ou vai arranjar desculpas? Veremos.

No CH temos os políticos mais “saltitões” da ilha de São Miguel e que ainda não conseguiram assentar. Saltam agora em frente um do outro. Em menos de seis meses de mandato já não se podem ver, ao mesmo tempo que continuam a ser comandados por Lisboa através da comunicação social.

Sobre o CDS-PP apesar de discordar ideologicamente da sua doutrina, a verdade é que a líder parlamentar desse partido faz bem o seu papel na defesa do Governo que apoia. Aliás, está a dar calcinhas a todos aos seus antigos colegas de bancada que agora estão no Governo. E fá-lo a vários níveis!

O PSD formalmente lidera o atual Governo. São os maiores responsáveis da atual governação e dos documentos em discussão, mas reforçam a arrogância de quem não venceu e dedicam a discussão destes documentos ao ataque cerrado ao PS como se não tivessem nada para defender e isso, infelizmente, não mostra uma visão para os Açores.

Já o PS, reconhecendo que não governa apesar de ter vencido as eleições, é o único com responsabilidade de oposição. Mostra surpresa com a não adequação destes documentos a uma nova realidade já que dois terços do orçamento proposto por este Governo é igual ao último apresentado pelo PS quando não se previa uma pandemia. Fez bem em ser o único a questionar e a realçar o que é preciso corrigir para bem dos Açores.

Por último, o Governo. Salvo raras exceções, a falta de preparação dos titulares das pastas foi notória e espera-se que melhore para o debate na especialidade. A ausência de respostas à oposição e o desconhecimento do orçamento das suas áreas não é admissível a uma altura destas.

 

(Crónica escrita para Rádio)