Opinião

Abandono

O indicador de Abandono Escolar Precoce corresponde à quantidade de jovens, entre os 18 e os 24 anos, que não completaram o secundário nem obtiveram formação para integrar o mercado de trabalho. Volta e meia esse indicador volta a ser assunto, sucedendo-se discursos inflamados, cuja única preocupação é comparar com as taxas de outras Regiões e daí concluir que tudo falhou.
Não ignoro que continuamos a apresentar, no todo nacional, os valores mais altos, mas não aceito análises que desvalorizam a caminhada percorrida e omitem que a Região partiu de mais longe. De 2004 para 2019, por exemplo, a Região baixou de 56% para 27,0%; enquanto o país baixava de 39,3% para 10,6%. É comparável? Não, não é!
Na verdade, num ano atípico, como o que vimos vivendo, desde março de 2020, lógico seria que, com a mesma força com que criticam esta taxa, já estivessem a ser pensadas medidas concretas para ajudar estes jovens a não desistir de estudar…
Em campanha eleitoral foram anunciadas medidas milagrosas, apontados caminhos e feitos imensos anúncios, que (na verdade) não encontram eco em lado nenhum, nem sequer no Programa de Governo aprovado no Parlamento dos Açores.
Que será feito, por exemplo, da ideia de colocar no “imaginário dos jovens” a importância de obter uma oportunidade e dignificação através da formação profissional? O que é que tem sido feito para que isso possa acontecer?
Por ora, para além da prorrogação dos programas de emprego (antes tão vilipendiados), a única coisa que se sabe é que vai haver um programa de formação profissional e que o Presidente do Governo, confrontado com uma proposta de fusão de 3 escolas profissionais, considerou ser estratégica, relevante e prioritária a expressão da qualificação profissional e da racionalização dos meios…
É pouco para uma questão tão importante como esta, cujas políticas implementadas, até há pouco tempo, permitiram reduzir a taxa de abandono escolar precoce nos Açores.
Vão abandonar este assunto? Espero que não.