Opinião

Contradições e desfocos de Clélio Meneses

Temos grande respeito institucional pelo Presidente e por todos os membros do Governo Regional.
Mas isso não pode nem deve significar qualquer tipo de condicionamento à livre emissão de opinião, de critica ou de promoção de debate público sobre as opções e acções que são tomadas.
Pelas razões sobejamente conhecidas o sector da saúde tem estado no centro das nossas atenções e no foco das nossas preocupações.
Neste âmbito, a postura política do Secretário Regional da Saúde e Desporto Clélio Meneses não tem dado boas indicações sobre o futuro deste sector.
Clélio Meneses foi uma escolha surpreendente para esta área o que, aliás, causou grande mal-estar na fação dominante do Partido Social Democrata da Ilha Terceira, que tinha outras ideias e outras propostas para este cargo. Tais factos não condicionam ou relevam para a nossa apreciação política do trabalho desenvolvido até agora.
Ora, sendo a saúde tão importante para todos e estando nós ainda embrenhados nesta terrível pandemia, o que nos preocupa é o facto de o Senhor Secretário da Saúde estar desfocado sobre o que devem ser as suas prioridades.
Desde que tomou posse, a grande preocupação de Clélio Meneses é usar o Serviço Regional de Saúde para criar alegados factos que permitam criticar, falar mal e desmerecer o trabalho do anterior Governo Regional na área da Saúde.
Foi a invenção alarmista e irresponsável de que o Serviço Regional de Saúde estaria à beira do colapso, tendo de desmentir-se a si próprio dias depois dizendo que afinal não há nenhum colapso;
Foi a alegada novidade da compra das máscaras estragadas, quando já era público há meses que esse material chegou danificado e que seriam accionados todos os mecanismos de indemnização à Região;
Foi a acusação insidiosa e inaceitável ao anterior Director Regional da Saúde de ser responsável pelas mortes no Lar de Idosos do Nordeste;
Foram as dúvidas lançadas sobre a capacidade de internamento nos Hospitais da Região que, felizmente, têm capacidade de internamento;
Foi o anúncio de recém-especialistas, que afinal eram internos do ano comum e de especialidades médicas;
Foi a confusão sobre as contas do Serviço Regional de Saúde, sendo o Relatório de Execução Financeira relativo ao terceiro Trimestre de 2020 das Empresas do Setor Público Empresarial Regional que desmente o Senhor Secretário;
Foi a criação de uma comissão especial de acompanhamento da pandemia, criada à pressa, com pessoas de fora da Região, sem conhecimento profundo da nossa realidade, com um quadro mental e metodológico desadequado da nossa especificidade e, como se tem visto nos últimos tempos, com decisões e uma estratégia de comunicação cheia de zigue-zagues e de indefinições que não esclarecem nem tranquilizam a população;
São os telefonemas e mensagensa quem manifesta discordância pública com as opções tomadas;
Enfim, mais espaço houvesse, mais exemplos seriam possíveis.
Temos um bom serviço regional de saúde. Mérito dos seus profissionais e dos que há 40 anos trabalham diariamente para fortalecê-lo e capacitá-lo mais e melhor.
Isso é evidente, por muito que se tente reescrever a história ou inventar factos para disfarçar incapacidades.
É por isso que, nos tempos que correm, exige-se sentido de estado, competência e visão para o futuro, o que contrasta em grande medida com o estilo truculento, revanchista e desfocado a que temos assistido.
Apesar de algum cepticismo, ainda temos esperança que tal venha a acontecer...