Opinião

Contradições?

Esta semana, ao folhear a imprensa escrita, dei por mim a relembrar uma célebre frase do não menos famoso economista norte-americano John Galbraith: “nada é tão admirável em política quanto uma memória curta”. Tudo isto a propósito da notícia que dava conta que o líder do PSD/Açores iria participar, por videoconferência, na audiência concedida pelo Presidente da República aos partidos políticos com o objetivo de agendar as próximas eleições regionais. Não deixa de ser verdadeiramente espantoso que, numa das suas já características manobras de contorcionismo político capazes de fazer corar qualquer ginasta olímpica, José Manuel Bolieiro recorra à pandemia para justificar a sua não ida a Belém e, ao mesmo tempo, espalhe cartazes por toda a Região a dizer ser necessário “substituir o medo pela confiança”. Martin Esslin, pai da expressão “teatro do absurdo” não encontraria melhor exemplo do que este argumento do prolixo presidente suspenso da Câmara Municipal de Ponta Delgada. O mesmo, aliás, que em 2017 rasgava as vestes de indignação quando era confrontado com a possibilidade anunciada de não cumprir o mandato na autarquia até ao fim. Depois, já em 2020, e quando finalmente já não sobravam argumentos face ao incumprimento da palavra tantas vezes reiterada ao eleitor de Ponta Delgada, disse que suspendia “simbolicamente” o mandato, mas que, apesar disso, não regressava ao município. Enfim, com tanta contradição e incoerência não há “confiança” que resista. Resta o simbolismo, o qual é curto e, em política, fraca panaceia para quem se confronta com a realidade…