Opinião

Congresso(s)

Lá e cá os maiores partidos da oposição (PSD e PSD/A) assemelharam-se nos discursos finais. Um conjunto vazio de proclamações sem nenhuma proposta digna de registo. Cá foi um somatório das declarações políticas e lamúrias habituais com as contradições à mistura. Para quem propala a quatro ventos o mau estado das finanças da Região, promete, em simultâneo, baixa de tarifas aéreas interilhas e baixa dos impostos do IVA e do IRC. Depois foi “copiar”, como é usual, a frase da congressista ausente Berta Cabral, “um euro na mão dos açorianos é mais útil do que no bolso dos governos”. Elogio em boca própria é vitupério, como parece ser repetir até à exaustão as próprias virtudes da humildade, do diálogo, mesmo com a manha da fala mansa. O resto foi falar para 10 anos, fugindo a compromissos de legislatura como já o tinha feito na autarquia de Ponta Delgada, onde ganhou mas, quem perdeu durante sete anos foi Ponta Delgada com a sua inoperância. Um mau presidente de Câmara dificilmente seria um bom presidente de Governo. No Congresso nacional, depois de confundir, delirantemente, a matriz ideológica do Partido Socialista com o comunismo, para tentar ocupar “o centro perdido”, Rui Rio priorizou as eleições autárquicas. Autonomia foi assunto menor. Deixou de ter um Vice-Presidente açoriano. Rio e Bolieiro pensam que assim se afastam do caso da exclusão de Mota Amaral da lista do partido ao Parlamento Europeu, ou das célebres e tristes afirmações de que “os Açores não valem mais do que 12 mil votos” e “Não é uma fortuna”... Antes do galo cantar 3 vezes já voltarão a exultar as virtualidades da Autonomia. Porém, só quem não acredita na vitória das regionais não integra ninguém nos órgãos nacionais do PSD (só um eleito do PSD/Açores), dispensa o VP açoriano, pois assim pensa distanciar-se da 1ª derrota neste ano e focar-se nas autárquicas que elegeu como prioridade. Assim, ampliando o que os governos socialistas já estão a fazer, ou sem propostas concretas, os Congressos do PSD foram elucidativos e cheios de contradições insanáveis, isto é, uma mão cheia de nada.