Opinião

Um circo político

Estamos na presença de um circo político, onde é mais importante a análise a uma proposta do que uma alegada fuga de informação confidencial a partir do registo documental do parlamento Açoriano. A mediocridade atinge o seu auge. Rasgam-se as vestes institucionais e abrem-se alas ao populismo, num insulto fácil e de crítica gratuita. Neste processo, e do que é público, sei que os Açorianos saberão avaliar a transparência e cuidado do processo de alienação de 49% do capital da Azores Airlines e que são perceptíveis em 10 passos: 1) o Presidente do Governo informou o parlamento, em fevereiro de 2018, em sede de debate par-lamentar, da decisão de alienação de 49% do capital da Azores Airlines; 2) foi constituída uma comissão especial de acompanhamento do processo de alienação, presidida pelo Dr. Elias Pereira; 3) o grupo Iceland Air passou à segunda fase do processo em abril; 4) o grupo Iceland Air entregou uma proposta na última semana de julho, que esteve à guarda da SATA, sem fuga de informação; 5) a 13 de setembro, o Presidente da SATA referiu aguardar por um parecer jurídico “para solicitar eventualmente algum esclarecimento à concorrente ou para iniciar o processo negocial” (Açoriano Oriental); 6) a 9 de outubro , a Secretária dos Transportes declarou que “aguarda a conclusão da análise téc-nico-jurídica” (GACS); 7) a 9 de outubro, o PSD solicita envio da proposta do Grupo Iceland Air à comissão de inquérito ao setor empresarial regional (Diário de Notícias); 8) Vasco Cordeiro, a 11 de outubro, pede para ser ouvido pela comissão de inquérito ao setor empresarial regional; 9) a 8 de novembro, no período da tarde, é emitido comunicado da Assembleia Legislativa Regional sobre a indevida digitalização de documentos confidenciais recebidos do Governo Regional e dirigidos ao presidente da comissão e enviado aos deputados da comissão de inquérito ao Setor Empresarial Regional; 10) a 8 de novembro no telejornal da RTP/Açores é divulgada a proposta do grupo Iceland Air. A eventual fuga de um documento confidencial por parte de um Parlamento está a ser descurada. A instituição está a ser estrangulada pela superioridade de um circo político montado à volta de uma substância que o tempo encarregará de esclarecer, desde logo porque este importantíssimo assunto não se discute levianamente em praça pública- assim nascem os “Trump” e os “Bolsonaro”. Não pode interessar, nem que seja a um Açoriano, descredibilizar e minorizar a instituição autonómica que nos representa, por mais importante que a referida proposta possa representar para a SATA, como a referência das acessibilidades dos Açorianos ou pelos mais de 1300 postos de trabalho. Contrariamente à momentaneidade do circo e que só interessa a alguns, como uma bóia de elevação e salvação política, as instituições ficam na memória, são património e qualificam um povo.