Opinião

Zonas Balneares: entre os 0% e os 100%

Durante o ano as zonas balneares são utilizadas, mas é no verão que o seu uso é mais potenciado. O acesso às nossas zonas balneares tem um custo residual e há casos de custo zero. Há populações alvo, como crianças, jovens e idosos, que os momentos ocupados nas zonas balneares representam menos momentos em casa ou com interesses desviantes, como resposta de lazer e de benefício à saúde. A Forno da Cal, um bom espaço de lazer, continua com o mesmo horário aquando da sua inauguração. Nem o aumento de turistas ou a alteração dos hábitos de vida dos residentes estimulam as , inadiáveis, mudanças. A Forno da Cal, espaço balnear, é utilizado sempre que o tempo convida por turistas e residentes: fechada ou aberta; com vigilância ou sem vigilância; com nadador salvador ou sem nadador salvador. Há sempre uma forma de lá chegar. José Bolieiro alega falta de verba para garantir a sua abertura todo o ano. O custo de acesso aos balneários é de 0,40€ sem pagamento de entrada - não será de ponderar o pagamento de entrada aos adultos, com menos de 65 anos, residentes e diferenciado aos turistas?. Na zona litoral de São Roque há um aumento exponencial de construções, sendo maioritariamente de Alojamentos Locais. As taxas camarárias resultantes dessas construções e os (atuais) futuros Impostos Municipais de Imóveis não darão para cobrir essas despesas? e a partilha de responsabilidades municipais na criação de locais de fruição pública?. A Forno da Cal “aumenta” em 0%, mas é um espaço e investimento desperdiçados com períodos curtos de abertura e com nadador salvador nos meses de julho e agosto, configurando uma má gestão estratégica da sua posição. O tarifário da zona balnear do Pesqueiro está a ser contestado. Um aumento é sempre criticável. Aumentos de 100%(10€ para 20€-outubro a maio- e 15,09€ para 30€-junho a setembro, para acesso aos balneários) e a criação de novas tarifas dão lastro à crítica, mesmo perante a ausência de qualquer aumento nos últimos 9 anos e, no ano de 2017, com custos na ordem dos 94.000€ e receitas de 18.000€. Seria preferível aumentos mais diluídos no tempo?- não podendo esquecer que de 2011 a 2015 foram períodos de crise-; seria preferível cobrar entradas e acesso aos balneários, diferenciados entre residentes e turistas, excluindo crianças e idosos? importa refletir. Porém, o que não pode ser desconsiderado nesta análise global, e que raramente ouvi durante este fim de semana no local, é que a piscina natural do Pesqueiro é a única em Ponta Delgada que está aberta, com vigilância e garantia de segurança por um nadador salvador, todo o ano. O tarifário da piscina natural do Pesqueiro aumenta entre 50% e 100%, sendo um espaço valorizado em Ponta Delgada, potenciando a sua posição de piscina natural dentro da cidade. Na gestão das zonas balneares há que refletir se os concessionários dos espaços comerciais, bares e restaurantes, “em cima de zonas de praias” não deverão ser corresponsáveis pelos custos da segurança e limpeza das praias?. Há mudanças que exigem novas abordagens. Há que ter a coragem e determinação de as fazer.