Opinião

Um setor de futuro

No ano de 2008 ganhamos a corrida para a instalação de uma estação de rastreio de lançadores de satélites da ESA – Agência Espacial Europeia – em Santa Maria a partir da Guiana Francesa, contra a Madeira e Canárias. Tempo do saudoso Prof. Mariano Gago. Os Açores assumiram com visão a criação de um setor de tecnologia espacial. Foi a nossa posição geoestratégica que o permitiu. Este foi o primeiro passo do potencial que o sector aeroespacial representaria no futuro próximo. Saliento, pela sua importância das conquistas, projetos em ilhas diferentes e que é o sinal da insistência da coesão regional mesmo numa área específica, valorizando a nossa posição geográfica para o estudo das diferentes áreas como a meteorologia e as alterações climáticas, o oceano e as energias renováveis, quer na sua vertente de investigação científica, quer na transferência de conhecimento para o setor empresarial. Esta opção estratégica definidora da ambição do Governo Açoriano tem há muito vindo a implementar um roteiro espacial no arquipélago. Santa Maria e Flores: a Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (RAEGE), que terá o estabelecimento de quatro estações geodésicas fundamentais destinadas à realização de estudos de astronomia, geodesia e geofísica; Graciosa: o observatório de investigação climática na Ilha Graciosa (estação ARM), onde estão instalados equipamentos de estudo e pesquisa ao serviço das ciências atmosféricas e do clima e a estação de monitorização e deteção de infrassons integrada na rede da comissão preparatória da organização do tratado de proibição total de ensaios nucleares; Santa Maria: a estação Galileo, Sensor Station Galileu, um dos elementos do segmento terrestre do sistema global europeu de navegação por satélite – análogo ao GPS. Existem outros projetos de futuro que servirão outras ilhas, como é o casodo AIR Center na Terceira. O projeto Galileo é, no contexto da América de Trump, merecedor de muita atenção. Não se desconsiderem as graves implicações de eventual desligamento ou interrupção do sinal GPS. A Europa há muito que desenvolve o sinal GALILEO e mais do que nunca esta parece ter sido uma opção de segurança e independência. Dos sempre cépticos do setor da tecnologia espacial que posicionou os Açores como a única região de Portugal com uma estação da ESA, o presente, e estou certa para o futuro, provam a consistência e arrojo desta opção estratégica.