Opinião

Acordo

Acordo político é mais do que um substantivo da raiz latina accordare, uma variante de concordare (concordar= “com ou junto” mais “cor ou coração”). Como produtos da intersubjetividade dos discursos, os consensos políticos geram-se, em regra, com muita negociação. No presente, já não basta “a palavra dada”!Só por escrito e, mesmo assim, a volatilidade é possível. A eficácia dos acordos depende muito da habilidade negocial, das cedências alternantes e do silêncio até ao final. Neste ponto, a Catarina “do palco” falhou ao anunciar “a sua vitória” para os pensionistas. O PCP “esconso e fugidio”- ou seria a CGTP - logo radicalizou o discurso para içarem a bandeira do salário mínimo. O PS veio a terreiro para recentrar a trajetória entrópica que se estava a soerguer neste tripé desigual. Cada “pé partidário” convém superar o “passo” de Coelho. O último Conselho de Ministros mantendo a austeridade levanta muitas interrogações. O país está pior do que foi dito nas eleições? É preciso assustar a “coligação de esquerda”? Se esta for governo não pode subir tanto os salários porque partiria de um patamar mais baixo, permitindo ganhar tempo à PAF, em 2016, para iniciar a insatisfação BE e ou PCP que provocariam uma crise? Neste cenário, um Presidente da República de direita tem argumentos para eleições em junho ou em setembro de 2016? Ou pelo contrário, a coligação de esquerda aguentando-se o maior tempo possível faria esquecer as diatribes e confusões atuais e, na primeira oportunidade, suscitando eleições antecipadas, levaria vantagem pelas medidas satisfatórias, entretanto tomadas, que lhe garantiriam uma maioria estável? E Cavaco? Qualquer que venha a ser o próximo governo, este xadrez joga-se no tabuleiro europeu, da economia real e dos credores. O ónus de despesa a mais e consequente “recidiva austeritária” marcaria, indelével e negativamente, o(s) partido(s) que a ela ficassem ligados. Talvez antes deste domingo, saberemos se tudo isto, em parte ou nada disto faz sentido, ou ainda teremos algo imprevisível. Afinal, o fascínio da política também se liga à “tensão essencial” e, os escolhos dos acordos determinam os seus desfechos. Na hora certa, o povo “agradece”, sempre com sabedoria. PS: A propósito, agradeço aos Amigos as felicitações pela minha classificação no Projeto de Doutoramento defendido na” velha” Universidade de Lisboa…