Opinião

Um governo de gestão

Há os filhos e os enteados… Março de 2013, Porto Judeu, ilha Terceira, duas pessoas hospitalizadas, 30 desalojadas e 23 habitações inundadas e muito asfalto revirado na sequência de cheias ocorridas em virtude do mau tempo. Milhões de euros de prejuízos que o município e o Governo dos Açores tiveram que acudir. Instado a prestar a solidariedade devida, o Governo da República foi claro na sua resposta: vão à banca pedir dinheiro que nós deixamos. Albufeira, Algarve, domingo passado, muitas habitações e lojas destruídas, milhões de euros de prejuízo, devido ao mau tempo que afetou a Região. O Governo da República de Passos Coelho, em gestão e em campanha eleitoral, respondeu prontamente: “O Governo decidiu hoje autorizar a imediata utilização dos fundos de emergência municipal, de socorro social e da conta de emergência para minimizar os prejuízos provocados pela intempérie que afetou o município de Albufeira no passado domingo.” Assim se vê a forma como a coligação de direita compreende o país e os portugueses: há os de primeira, que merecem a solidariedade devida; e, há os outros, os de segunda, cujo único amparo, para além das autoridades regionais é o sistema financeiro. Há as novidades conhecidas... Curioso a ministra das finanças ter anunciado que no próximo ano a sobretaxa de IRS irá cair 25% e que a reposição dos cortes da função pública serão realizados em 20%, como se o Governo estivesse a dar um passo ao encontro das propostas do PS- que, como sabemos, variam substancialmente das apresentadas pela coligação. Errado! Nada de novo nestas propostas que, aliás, já constavam do programa eleitoral da coligação de direita e no Programa de Estabilidade entregue a Bruxelas. Mais curioso ainda foi o facto de estas “benesses” terem sido anunciadas como medidas anti-austeridade que beneficiavam as famílias, quando, na prática, estas propostas vem impedir o fim da sobretaxa IRS e da reposição integral dos vencimentos dos funcionários públicos. Do corte de 2400 milhões de euros em pensões previsto no Programa de Estabilidade e no programa eleitoral da direita nem uma palavra… O “topete” da senhora ministra nesta matéria, só foi ultrapassado, pela capacidade “ilusionista” de transformar a previsão da Comissão Europeia sobre o défice orçamental português, 3%, numa boa notícia. Talvez seja bom lembrar que a previsão de défice, do Governo de Passos Coelho, para o ano de 2015 é de 2,7%. E há um PSD/Açores em gestão São conhecidas as dificuldades na gestão de Duarte Freitas à frente do maior partido da Região: não ganhou uma única eleição à frente do PSD; apresentou diplomas no Parlamento com erros graves que tiveram que ser posteriormente retirados; a “fantochização” do deputado monárquico como meio para a “guerra suja” ao Governo dos Açores; a traição ao pai político do PSD/Açores por submissão a Passos Coelho; e, a incapacidade de apresentar propostas concretas que melhorem a vida dos Açorianos. Na semana em que o INE revelou que a taxa de crescimento do emprego nos Açores é a mais elevada desde há quase 14 anos, que há criação de emprego nos últimos 6 trimestres e, em que se soube que o desemprego recuou no terceiro trimestre 5,8% face ao mesmo trimestre do ano anterior, o PSD/Açores conseguiu afirmar o seguinte: “Este reverso constatado no desemprego vem demonstrar que os registos positivos dos dois trimestres anteriores foram mais acidentais do que sustentados (…).” Sabemos que de facto houve um aumento da taxa de desemprego na ordem do 0,8 p.p. - sabemos que isso se deveu, não à destruição de emprego, que até subiu em mais 306 empregos, mas sim ao natural aumento da população (ativa) disponível para trabalhar – mas nada justifica que o maior partido da oposição permanentemente ignore as boas notícias e tente fazer uma leitura enviesada dos factos.