Opinião

Vira o disco e toca o mesmo

Há uma linha que separa aquilo que é compreensível daquilo que é risível. O PS/Açores apresentou, na passada semana, a lista de candidatos pelo círculo dos Açores às próximas eleições legislativas. Perante uma sala que não comportou todos aqueles que quiseram partilhar daquele momento, foram apresentados candidatos credíveis que se disponibilizaram para prestar o melhor serviço na defesa da Região e do seu interesse. E, poucos dias depois, o PSD/A, num acesso de plágio agudo, faz uma sessão de apresentação dos seus candidatos, tirada a saca-rolhas, já que os candidatos que foram apresentar… Já toda a gente sabia quem eram. Se calhar o “lapso” inicial da primeira “apresentação” em conferência de imprensa foi mais para calar desesperadamente o tumulto à volta da não indicação como candidato pelo PSD/A do ex-presidente do Governo Regional, deputado à Assembleia da República e histórico social-democrata em toda a linha, Mota Amaral. Mas a verdade é que, por mais foguetes que o PSD lance à volta destes (não muito) “novos” candidatos, nunca vão apagar da memória todo o processo atabalhoado e trapalhão que levou ao momento da “apresentação” da passada segunda-feira. Bem, mas já agora, convinha saber que milagres reservava Duarte Freitas para anunciar nessa “apresentação”, quais as novidades, qual o nível de compromisso. E, para não grande surpresa, foi o “vira o disco e toca o mesmo” do tirar os 40 mil açorianos da pobreza e não explicar minimamente onde é que foi buscar os números que suportam tal discurso e, pior ainda, não explicar qual o “plano” para tirar da pobreza não os 40 mil, mas qualquer Açoriano que se encontre em situação menos favorável. Falta de norte, falta de estratégia, falta de consideração pela inteligência dos açorianos que já se fartam de ouvir o mesmo discurso cansado e repetitivo, despojado de qualquer nova ideia própria que fosse válida, produtiva ou reprodutiva. E que dizer dos compromissos eleitorais da cabeça-de-lista? No âmbito da defesa dos interesses da Região, pouco ou nada de novo se ouviu. E o que se ouviu, foi uma cópia quase integral das propostas do cabeça-de-lista do PS, Carlos César. No meio das referências de ataque ao PS (o que só demonstra o tal “nervosinho”), uma ou duas indicações de “encaixe” dos Açores nas políticas da República. A nossa Região precisa de deputados comprometidos a 100% com a defesa dos interesses dos Açores na República, independentemente da cor do Governo. Precisamos de deputados na República empenhados na defesa dos direitos dos Açores em relação ao nosso Mar, esses que tanta agressão têm sofrido ultimamente por parte do Governo de Passos Coelho. Admitindo que os deputados do PSD na Assembleia Legislativa nos Açores se têm também revelado avessos às políticas que o Governo PSD na República tem implementado a nível da exploração dos recursos do Mar, por exemplo, afigura-se de extrema preocupação que não se denote, no discurso destes “novos” candidatos à Assembleia da República, essa mesma postura de inconformismo. Não há nada pior do que dizer uma coisa cá e ir fazer outra lá. É que com este tipo de discurso corremos seriamente o risco de termos novamente deputados do PSD na Assembleia da República que, por exemplo, inviabilizam as ajudas à Região a título de solidariedade nacional, como tão recentemente aconteceu aquando das intempéries que assolaram a Região em 2013. Resumindo, o que Berta Cabral e Duarte Freitas trouxeram à mesa com o show da “apresentação” de candidatos foi mais do mesmo, nada de novo e uma completa falta de, no mínimo, vontade de defesa dos direitos dos Açorianos. O que assistimos foi a um espetáculo “exculpatório” de todo o “caso Mota Amaral” e que não colou. É que nem a nova coligação CDS/PP-PPM nos Açores quer ter alguma coisa a ver com este PSD/A de Duarte Freitas e de Berta Cabral. E com razão.